O patenteamento pelo Governo moçambicano de dois oficiais militares da Renamo na semana passada continua a suscitar reacções, com sectores da sociedade a sublinha que actos como estes só terão grandes efeitos se forem associados a políticas públicas mais redistribuitivas.
O acto enquadra-se nos esforços que visam acabar com a tensão política no país.
Para o sociólogo e professor universitário João Colaço, iniciativas como estas devem ser acompanhadas por políticas públicas mais redistribuitivas, para que os moçambicanos se sintam envolvidos no processo de desenvolvimento do país.
Entretanto, o jurista José Machicame duvida que o patenteamento tenha algum efeito, porque no passado houve outros tipos de iniciativa no sentido de ganhar os guerrilheiros da Renamo para que fossem reintegrados na vida social, incluindo a Lei de Amnistia, que foi aprovada ainda no período da guerra, que, no entanto, teve um efeito não expressivo.
Na opinião do jurista, este pateteamento pode ser visto como "uma vitória moral para o lado do Governo, mas em termos substantivos, nao me parece que possa ter um grande efeito, tendo em conta a relação de forte lealdade que os guerrilheiros da Renamo têm em relação ao movimento e ao seu líder".
Machicame destacou ser "preciso ter em conta que estes guerrilheiros que foram agrupados pela Renamo, alguns deles já tinham ingressado na vida civil normal, mas responderam, prontamente, ao chamamento que Afonso Dhlakama fez para que eles voltassem a reogrupar-se, para funcionarem como uma força de pressao sobre o Governo".