Os partidos políticos na oposição reiteraram que não aceitam os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, mas afirmaram estar abertos e disponíveis para o diálogo com vista a reformas no país, ante a crise que existe.
Este posicionamento foi manifestado pelos representantes da Renamo, Nova Democracia, Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) num encontro realizado nesta segunda-feira, 30, na Presidência da República, com Filipe Nyusi, no qual estava presente também a Frelimo e o candidato presidencial Daniel Chapo.
Em jeito de boas-vindas, Nyusi disse acreditar "na nossa capacidade, porque quando o assunto é tratado por nós mesmos é um assunto que nos permite uma solução sem esquemas, sem arranjos, sem interesses".
O Chefe de Estado, que convocou a reunião, sublinhou que "não há pessoas pequenas, não há partidos pequenos, Moçambique é de todos e temos que estar em condições de carregar todas as sensibilidades”.
No final, como porta-voz do encontro, o Presidente do MDM, explicou que os partidos políticos que concorreram às eleições voltaram a dizer que "não reconhecem os resultados anunciados" pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC).
Ao ler um comunicado, sem direito a perguntas dos jornalistas, Lutero Simango afirmou que os quatro partidos políticos, dos quais três com assento parlamentar na Assembleia da República a partir de janeiro, vão realizar um "diálogo interno" antes de tomar "passos subsequentes", que serão comunicados à imprensa.
Apesar de defenderam a reforma das instituições, Simango afirmou que "ao longo deste diálogo interno, [os partidos] assumiram que vão continuar a dialogar com o único objetivo, de uma forma coletiva, de assumirem um compromisso político para as reformas no país, pois há necessidade de estabelecer um novo pacto social para mudar Moçambique e isso passa necessariamente pelas reformas".
Aqueles partidos, segundo Simango, lembraram que os moçambicanos falaram bem alto, nas eleições gerais do dia 9 de outubro e sugeriu que devem ser ouvidos.
"Faremos tudo para o bem-estar dos moçambicanos", concluiu o líder do MDM.
O Presidente Filipe Nyusi não se pronunciou publicamente após a reunião.
A crise pós-eleitoral é marcada por protestos contra o que a oposição considera de fraude eleitoral, fortemente reprimida pelas autoridades policias, e que, no entanto, deram origem a uma onda de vandalizações de insfraestuturas públicas e privadas, bem como a fuga de presos.
A Plataforma Eleitoral Decide, uma organização da sociedade civil que contabiliza mortos e feridos, disse que desde 21 de outubro foram registados 277 mortos e 586 feridos por tiro.
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