Os militantes do Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, vão a votos no próximo domingo, 16, para eleger o líder que dirigirá a ormação nos próximos três anos.
Na corrida, estão o actual presidente e também primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva e o deputado Orlando Dias.
Depois de longa maratona de campanha nos vários pontos do arquipélago, Dias afirma que levou uma mensagem clara que vai no sentido de devolver o partido aos militantes e fazer com que o MPD volte a ser dinâmico e verdadeiramente democrático, enquanto Correia e Silva mostra-se confiante no voto da maioria dos militantes para continuar a dirigir os destinos do partido e dar seguimento ao trabalho que considera positivo na governação do país.
Para Orlando Dias, era imperioso haver disputa interna, uma vez que na sua opinião, o MPD vem sendo conduzido de forma autoritária com total concentração de poder na pessoa do Presidente e o grupinho a sua volta, contra os Órgãos do partido que viram os poderes esvaziados.
O candidato disse à VOA, que a sua mensagem foi bem assimilada pelos militantes, por isso mostra-se confiante na vitória nas directas deste domingo.
“Conseguimos passar a nossa mensagem… a partir de 17 de Abril os militantes vão passar a ser valorizados, ter um partido organizado, próximo das bases e sem pensamento único, cujo dono são os militantes e não um grupinho de pessoas…como se sabe há dez anos esse grupo apoderou-se do partido e nós vamos fazer com que de facto o MPD volte a ser de novo uma força política verdadeiramente democrática como é a sua origem”, afirmou o candidato.
Orlando Dias fala ainda na montagem dos Núcleo de base, revitalização das Comissões Políticas regionais, reforço do número de membros da Direção e Comissão Política Nacional. Propõe também que a JPD - Juventude e as Mulheres Democratas deixem de ser Associações como a actual equipa directiva fez, passando a ser Estruturas do MPD.
O deputado e candidato à liderança do Movimento para a Democracia lamenta a ausência de debate na campanha para as directas, culpando o adversário Ulisses Correia e Silva de fugir frente a frente.
Caso vença as internas no partido do poder, disse que irá propor reforma profunda do estado, passando pela revisão constitucional, redução do número de deputados, dos membros do Governo, limitação de mandatos dos Presidentes das Câmaras Municipais para 3 e de 2 mandatos de cinco anos para o cargo de Primeiro Ministro.
Por último, espera que as eleições sejam livres e transparentes, afirmando que caso haja sinais de fraudes, os autores serão levados às Instâncias Judiciais.
O candidato Ulisses Correia e Silva afirma que encara a disputa com naturalidade e normalidade, mas destaca que enquanto Presidente do MPD e também Primeiro Ministro tem responsabilidade no sentido de evitar qualquer crise política. Nesta óptica diz que tem levado uma mensagem clara aos militantes, que segundo ele, estão a receber bem o que lhe dá total confiança na vitória.
“Nós, em primeiro lugar, temos que garantir a estabilidade política no país… o mundo está a viver momentos muito complicados das crises económicas e sociais que afetam fortemente Cabo verde e não podemos alimentar qualquer situação que possa conduzir a uma crise política… a minha mensagem tem sido clara relativamente a este ponto com os militantes e dizer dizendo que não é possível você ter um sistema em que exista um corpo e duas cabeças – alguém que é Presidente do partido ter outra pessoa diferente como Primeiro Ministro, isto descanbaria numa crise política grave”, disse .
Ulisses Correia e Silva que procura a reeleição a mais um mandato à frente do MPD diz tem um programa do governo para cumprir, por isso realça que entra nesta corrida para vencer no sentido de manter o seu partido na senda das vitórias nos próximos embates eleitorais como as autárquicas do ano que vem e legislativas de 20216.
Correia e Silva desvaloriza as críticas em como dirige o partido fechado em si próprio, afirmando que como Presidente do MPD funciona com os poderes que os estatutos lhe atribuem.
Afirma ainda que o sistema partidário funciona e pensa reforçar ainda mais para que possa estar ao serviço dos militantes e também da sociedade, por isso pensa promover revisão estatutária no sentido de alargar a atuação política nos bairros, as Comissões Políticas concelhias com a integração dos núcleos locais e ter um Conselho regional que vai permitirá que periódicamente todo o sistema se reúna para concertação e alinhamento político.
Quanto a debates, diz que não tem interesse em debater com o adversário devido à forma como tem feito a sua campanha, com o actual líder a afirmar que está mais interessado em apresentar as respectivas ideias e projectos diretamente aos militantes nos vários pontos do arquipélago e diáspora.
No que toca às condições para as eleições deste Domingo, Silva garante que tudo está preparado para que o processo decorra sem sobressaltos e com total imparcialidade.
O analista político, António Ludgero Correia lamenta que não tenha havido debate de ideias entre os dois candidatos junto dos militantes.
“ Eu acreditaria que isso relançaria o MPD para a trilha das discussões internas, mas não vi nada disso , portanto vai ser mais do mesmo…. O Orlando é claramente um outsider, quem detém o aparelho é o Ulisses e ele vai fazer tudo para valer isso”, frisou o analista político.
Sobre essa questão, Orlando Dias diz ser uma mera chantagem do seu adversário, afirmando que haverá espaço para boa coabitação caso ele seja eleito presidente do MPD .
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