A Assembleia Nacional (AN) de Angola aprovou nesta terça-feira, 27, por unanimidade o envio de 20 assessores militares para integrar a Força em Estado de Alerta da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que vai ajudar Moçambique a combater os insurgentes em Cabo Delgado.
O projecto da resolução, apresentado pelo Presidente da República foi votado por unanimidade com 180 votos ao favor.
O ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, que defendeu o projecto, informou que a missão, que terá a duração de três meses, tem um custo inicial de 675.500 doláres.
Furtado acrescentou que deve-se incluir "nessa participação a componente dos esforços logísticos e da contribuição da República de Angola na manutenção dessa força na ordem dos 1.174.307 dólares".
Na justificação do voto, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, disse que foi um voto a para manifestar a sua solidariedade com o povo de Moçambique que atravessa momentos críticos.
"Entendemos que para haver um desenvolvimento sustentável no continente africano e na região da SADC é preciso haver estabilidade, paz, democracia e boa-governação", afirmou Chiyaka.
Por seu lado, o presidente da FNLA, Lucas Ngonda, saudou a atitude do Presidente da República em solicitar a autorização da AN, lembrando que "antigamente o Executivo era quem decidia, desvalorizando o Parlamento".
O presidente do PRS, Benedito Daniel, reconheceu que um conflito em Moçambique é um problema para todos os Estados membros da SADC, mas disse esperar que "Angola não vá ingerir-se nessa missão, porque os objectivos estão definidos".
As forças angolanas deverão participar com dois oficiais no Mecanismo de Cooperação Regional (RMC), oito oficiais no Comando da Força e dez tripulantes para aeronave de Projecção Aérea Estratégica do tipo IL-76.
Osvaldo Mboko, especialista em relações internacionais, aprova a estratégia de Angola em enviar apenas 20 oficiais técnicos especializados em matérias de defesa.
“A estratégia de Angola tem a ver com facto de não tendo tropas no terreno, poder assessorar, e é uma estratégia bem pensada. Tem muito a ver com o desconhecimento da área geográfica e as dinâmicas dos acontecimentos, porque podem ser factores para quedas das tropas de outros países”, afirma.
Mboko lembra que "assessorar também é uma forma de apoiar e Angola vai poder emprestar a experiênciano domínio militar... e parece que para além da assessoria vai poder também enviar meios militares”.
A Força em Estado de Alerta da SADC começou a chegar a Moçambique, onde já se encontram tropas da África do Sul e do Botswana, enquanto um contingente do Zimbabwe está de prontidão e pronto para viajar para Cabo Delgado.
Há três semanas começaram a chegar cerca de mil tropas do Ruanda para apoiar no combate ao terrorismo, mas a nível bilateral, já que o país não integra a SADC.