O Papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal ultra-conservador guineense Robert Sarah, presidente da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, anunciou o Vaticano em comunicado no sábado.
O cardeal Robert Sarah, que renunciou a 15 de junho de 2020 por ocasião de seu 75º aniversário (idade oficial de aposentadoria no Vaticano), viu-se envolvido em uma polémica após o lançamento em janeiro de 2020 de um livro que defendia fortemente o celibato dos padres, um tema ardente na Igreja, co-assinado com o Papa Emérito Bento XVI.
O lançamento na França desta obra intitulada “Do fundo do coração”, com as fotos de Bento XVI e do cardeal Sarah na capa, suscitou muitas questões sobre o Papa emérito, fragilizado pela sua avançada idade.
Para alguns o livro era como uma interferência no pontificado do Papa Francisco, e para outros como um tiro de advertência da orla tradicionalista da Igreja.
Diante da polêmica, Bento XVI pediu que o seu nome fosse retirado da capa do livro, bem como da introdução e conclusão coassinada.
O cardeal Sarah reagiu no sábado ao anúncio do Vaticano na sua conta no Twitter: "Estou nas mãos de Deus. A única pedra é Cristo. Voltaremos a nos encontrar muito em breve em Roma e em outros lugares."
Os conservadores na Igreja frequentemente colocam Sarah na lista de nomes para um dia suceder Francisco como pontífice. Mas a maioria dos observadores via essa possibilidade como extremamente remota, porque Sarah era visto como altamente divisivo e não teria apoio alargado entre os outros cardeais.
Nascido na Guiné em 1945, o cardeal Sarah Guinea fez 75 anos a 15 de junho do ano passado. Foi ordenado sacerdote em 1969 e nomeado arcebispo de Conacri por João Paulo II em 1979, aos 34 anos. Em 2001 foi nomeado secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, e em 2010 Bento XVI nomeou-o presidente do Pontifício Conselho "Cor Unum". No mesmo ano foi nomeado cardeal com o título da Diaconia de São João Bosco na Via Tuscolana, em Roma. A 23 de novembro de 2014, o Papa Francisco o nomeou Presidente da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Participou do conclave de março de 2013 que elegeu o Papa Francisco.
O nome de seu sucessor não foi anunciado imediatamente. O Papa também aceitou no sábado a renúncia do Vigário Geral da Cidade do Vaticano e presidente da Fabrique de Saint Pierre (que administra as obras de manutenção e restauração do Vaticano, em particular da Basílica de São Pedro), cardeal Angelo Comastri, ao qual sucederá o franciscano Mauro Gametti, recentemente nomeado cardeal e guardião geral do sagrado convento de São Francisco de Assis.
(AFP/Reuters/Vatican News)