A pobreza extrema concentrada nos 48 Países Menos Avançados (PMA) duplicou de menos de 20 por cento para mais de 40 por cento desde 1990, revelou o relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCED), divulgado nesta terça-feira, 13.
Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste integram o grupo dos PMA que, no seu total, viu o número de pessoas sem acesso a electricidade aumentar de 31,8 por cento para 53,4 por cento.
O total de pessoas sem acesso a água, por sua vez, duplicou, passando de 20 por cento para 43,5 por cento em 15 anos, revela o relatório sobre os PMA que que por subtítulo "O caminho para a graduação e além: aproveitando o máximo do processo".
Em seis PMD, a taxa de pobreza extrema está entre 70 e 80 por cento e em 10 outros Estados a taxa fica entre os 50 e os 70 por cento.
O relatório refere que nos 45 anos de existência da categoria PMD, apenas quatro países conseguiram graduar-se a Países de Desenvolvimento Médio (PDM): Botsuana em 1994, Cabo Verde em 2007, Maldivas em 2011 e Samoa em 2014.
Apenas três países, Guiné Equatorial, Vanuatu e Angola, estão em linha para alcançar a graduação nos próximos anos.
Para os autores do documento, este facto revela a enorme divergência entre o ritmo de desenvolvimento dos chamados países em vias de desenvolvimento.
Os analistas da CNUCED consideram que os PDM encontram-se presos na “armadilha da pobreza, um círculo vicioso em que a pobreza leva a baixos desempenhos na saúde e na educação, prejudicando a produtividade e o investimento”, ao mesmo tempo que impede o desenvolvimento sustentável.
“Os países só saem destes círculos viciosos com ajuda internacional, a nível financeiro, comercial e tecnológico”, conclui a CNUCED.
No prefácio do relatório, o secretário-geral da CNUCED, Mukhisa Kituyi, escreve que “o fosso entre o rendimento per capita dos PMD e dos outros países em desenvolvimento, por exemplo, tem aumentado consistentemente desde 1981”.