O Governo da Guiné-Bissau tem 15 dias, de acordo com a Constituição, para voltar ao Parlamento e tentar convencer os deputados a aceitarem o seu Programa de Governo, hoje chumbado pela Assembleia Nacional Popular.
O quadro político apresenta agora uma incerteza que obriga a novas alianças de circunstância e concessões entre os principais protagonistas da actual crise que se vive no país.
Do Presidente da República, José Mario Vaz, ao PAIGC, que expressa divergências internas, sem precedentes, passando pelo PRS, que volta a assumir o papel de fiel de balança em todas as jogadas político-parlamentares, o panorama sugere uma nova avaliação dos actores envolvidos directamente nesta nova etapa da política guineense.
Depois da votação, num ambiente de grande agitação, o primeiro-ministro Carlos Correia, falou à imprensa e promete voltar, ao Parlamento, para apresentar um novo programa do Governo:
“Aceito, mas ainda continuo. Aliás, estou à disposição do provo da Guiné-Bissau”, disse Correia.
Para Rui Jorge Semedo, investigador associado ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), o chumbo do Programa do Governo representa uma derrota ao PAIGC:
“O facto de o partido com maioria parlamentar não conseguir passar o seu programa é uma derrota, mas não me estranha muito porque é o resultado da própria contradição interna e da incapacidade da direcção em controlar os seus deputados”, explicou Semedo, que ainda duas vias possíveis para salvar a situação: “Que o PAIGC promova mais negociações internamente e, se persistir a crise, então deve avançar negociações com o PRS, enquanto segunda força política no parlamento”.
A Assembleia Nacional Popular volta a reunir-se a partir de 5 de Janeiro para discutir e votar um novo Programa do Governo.