A prisão nesta segunda-feira, 19, do veterano da luta pela independência da Guiné-Bissau, Manuel "Manecas" Santos, numa clínica onde se encontrava internado está a provocar reacções.
Enquanto o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos considera ser uma "situação inédita" no país, o líder do PAIGC diz que a detenção tem motivações políticas.
Os agentes da Polícia Judicial, sob a ordem do Ministério Público, retiraram Manecas dos Santos da clínica onde se encontrava hospitalizado há uma semana.
O mandado foi emitido por um magistrado do Ministério Público depois de ter ouvido Manecas dos Santos há um mês, na sequência de uma entrevista que deu ao jornal português Diário de Notícias e na qual disse estar iminente um golpe de Estado no país.
Para o Ministério Público, segundo uma fonte judicial, “tal declaração apresenta muita dose de conspiração, o que, sem dúvidas, evidencia alguns indícios criminais”.
Em reacção,o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, diz que a detenção de Manecas dos Santos tem apenas motivações políticas.
“Tudo isso configura exactamente a ameaça que o Presidente já havia feito, dizendo que aqueles que ousam ter uma opinião contrária, ele reservava-se no direito de prender, torturar e matar, se for necessário”, criticou Simões Pereira.
Por seu lado, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva, considera que a prisão de uma pessoa numa clínica é uma situação inédita no país.
“A lei proíbe uma simples notificação nas instalações clínicas. Se uma simples notificação é proibida, então é mais grave ainda proceder à detenção de uma pessoa nas instalações clínicas”, explicou.
A defesa de Manecas dos Santos revelou que, nas próximas horas, vai requerer a libertação do seu constituinte.