Depois das chuvas da última semana, as sementes foram atiradas à terra e a população dos Gambos tem até Abril para saber se a fome vai ser um problema menos grave no segundo trimestre deste ano, diz o padre Pio Wacussanga.
Contudo, quem vive nos Gambos tem que se agarrar a uma certa esperança pois, segundo o padre Pio, não se sabe como vão ser as colheitas e além disso reforça que durante os últimos três anos de seca consecutiva foram usando as suas sementes, sem ter qualquer retorno e neste momento algumas delas não têm o que semear.
A crise e os cuidados paliativos
Os Gambos, no Cunene, sofrem com a seca e, consequentemente, fome há já algum tempo. Até então algumas ajudas iam chegando, mas em tempo de crise vão surgindo alguns "cuidados paliativos porque não há dinheiro", diz padre Pio, com algum desalento.
Acusando o governo de má gestão, Pio Wacussanga reconhece as ajudas ocasionais de "algumas igrejas e sociedade civil para casos muito particulares".
Esperançado, não só que Abril dê boa colheita, disse à VOA que também espera que o preço dos cereais não aumente.
Quando questionado sobre o problema da febre amarela, não hesita em acusar o governo por não ter gerido melhor os resíduos sólidos, lembra que a febre amarela já tinha sido erradicada no colonialismo e desconhece casos oficiais de febre amarela no Cunene, mas adianta: "Não podemos nem sonhar com a cólera, porque com as águas paradas e a falta de prevenção e subnutrição das populações, seria uma desgraça".
Choveu no Cunene nas últimas semanas e apesar das chuvas trazerem a esperança do fim da fome, trazem também o medo de um surto de cólera.