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Organizações não governamentais angolanas questionam relatório que aponta para redução acentuada da fome


Angola: Falta de chuva ameaça fome
Angola: Falta de chuva ameaça fome

Relatório "Transformação dos sistemas alimentares e governação local", da Welthungerhilfe e da Concern Worldwide identificou "sinais de progresso" em Angola

Associações cívicas angolanas questionam a fiabilidade e seriedade do relatório publicado recentemente por duas organizações não-governamentais internacionais que colocaram Angola entre os 32 países que diminuíram em 50%, ou mais, o seu Índice Global de Fome (IGF) desde 2000, embora considerem ser, ainda assim, um nível "grave".

No seu relatório anual , publicado na última semana com o título, "Transformação dos sistemas alimentares e governação local", as ONGs Welthungerhilfe e a Concern Worldwide, identificaram "sinais de progresso", mas consideram "sombria e lúgubre” a situação global da fome no mundo.

Angola, segundo o relatório, apresenta um índice de 25,9 (64,9 em 2000), ainda assim considerado grave.

O pároco dos Gambos e líder da ONG angolana, Associação Construindo Comunidades (ACC), padre Pio Wacussanga, entende que as conclusões do relatório em causa contrariam, por defeito, os estudos do próprio Governo de Angola.

“A fome crónica e a subnutrição crónica ainda são persistentes”, disse.

Aquele sacerdote, que trabalha nas regiões afectadas pela seca do sul de Angola põe em causa a seriedade e as fontes dos autores do relatório e admite mesmo que informes do género possam ser “um boato ou uma encomenda”.

“Algumas organizações têm uma cobertura ou um lobby estranho e outras pura ignorância da realidade angolana”, defendeu.

Para, Cecília Kitombe, directora da Unidade de Comunicação e Advocacia Social da ADRA- Associação de Desenvolvimento Rural e Ambiente, “relatórios do género valem o que valem em função das metodologias que foram utilizadas para aferir estes dados”.

Kitombe defendeu que” estes relatórios são importantes para a nossa análise e contínua reflexão sobre as questões da pobreza mas não traduzem efectivamente aquilo que é a realidade que afecta os angolanos”.

A responsável cívica considera “importante questionarmos estes dados para olharmos para a realidade de forma objectiva e podermos fazer programas de combate à pobreza de forma integrada e que cheguem a todos os angolanos e angolanas”.

Não foi possível ouvir a versão do Governo sobre o mais recente relatório de duas ONGs da Alemanha e do Reino Unido sobre o Índice Global de Fome.

Os autores referem no seu relatório, edição de 2022, que "as crises sobrepostas que o mundo enfrenta estão a expor as fraquezas nos sistemas alimentares, desde o global até ao local, e expondo a vulnerabilidade das populações de todo o mundo à fome".

Apesar destes indicadores desanimadores, o relatório sublinha "sinais de progresso, já que muitos países conseguiram reduções impressionantes na fome".

Desde 2000, 32 países viram o seu IGF diminuir em 50% ou mais, incluindo pelo menos um país de quase todas as regiões do mundo.

A nível dos países lusófonos, a Guiné-Bissau também baixou de 37,7 em 2000 para 30,8 em 2022, um nível considerado grave, Cabo Verde apresenta um nível moderado de fome, com 11,8 (15,3 em 2000) e Timor-Leste 30,6 (37,7 em 200.

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