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Organizações comunitárias desapontadas com fracasso de projecto que levaria água a regiões afectadas pela seca no sul de Angola


Projecto Cafu, que visa a transferências das águas para as zonas afectadas pela seca no sul de Angola, não está a dar os resultados para os quais foi concebido.

Organizações comunitárias manifestam-se desapontadas com o facto de, alegadamente, o projecto Cafu, que visa a transferências das águas para as zonas afectadas pela seca no sul de Angola, não estar a dar os resultados para os quais foi concebido.

O projecto, que se enquadra no Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul do país, foi inaugurado em Abril de 2022 pelo Presidente da República, João Lourenço, é um sistema de captação e transferência de água do rio Cunene para várias povoações, através de um canal adutor com 160 km de extensão, ao longo dos quais foram construídas 30 chimpacas (locais para abeberamento do gado), com capacidade para 30 milhões de litros cada.

Para o responsável da Rede de Terra Angola, Bernardo Castro, conselhos ao Governo sobre a necessidade de uma gestão transparente do projecto “não faltaram”.

“Até hoje não há nenhum benefício claro em termos de reassentamento das populações como do próprio uso da água para o regadio e o aproveitamento local”, diz aquele líder comunitário.

Para Bernardo Castro “o grande problema tem a ver com a gestão transparente do projecto e a informação para que as pessoas saibam exactamente que é que se está a fazer, mas este tipo de projectos deve ser integrado e inclusivo”.

O activista social André Augusto diz, por sua vez, que, depois da sua inauguração, o projecto estagnou e não deu os passos subsequentes que "visavam a concentração da população ao longo do canal. E se isso não acontecer os oportunistas e pessoas endinheiradas poderão aproveitar as zonas mais próximas do canal para fazerem a sua riqueza ali em detrimento da população que vai sofrendo”.

“O projecto foi tecnicamente mal concebido e resultado está à vista de todos: a água corre pelo canal de irrigação está toda esverdeada e não serve para o consumo humano nem animal. O canal, construído a céu aberto, constitui um perigo de afogamento para as pessoas e para os animais e pode registar entupimentos do canal em tempo de chuva”, considera o secretário executivo da Associação Construindo Comunidades (ACC).

Domingos Fingo defende também que o projecto enferma de “programas de capacitação das comunidades para prática agrícola voltada para uma população fundamentalmente pastoril para que saiba como praticar a agricultura familiar”.

Aquando da sua inauguração da primeira fase pelo Presidente da República, João Lourenço, em Abril de 2022, o Governo tinha assegurado que a obra iria beneficiar uma população calculada em 235 mil habitantes, vai permitir o abastecimento de água a 250 mil cabeças de gado, a irrigação de 15 mil hectares de terreno, além de garantir 3.275 empregos directos.

A iniciativa viSa evitar, segundo os seus mentores, que os criadores continuassem a ser obrigados a andar com o gado centenas e centenas de quilómetros à procura de água para o abeberamento.

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