O chefe do Governo da Guiné-Bissau refirmou nesta quinta-feira, 10, a sua ordem de deter qualquer criança talibé que for vista a deambular nas ruas.
A posição de Umaro Sissoco Embaló surge depois de organizações que defendem direitos da criança criticarem a medida e pedirem uma abordagem global da situação da infância no país.
Embaló, que falava nas primeiras horas de hoje, no Aeroporto de Bissau, antes de deixar o país em direcção a Itália e Grécia, reiterou que a sua intensão é ajudar as crianças, acabando, assim, com a prática de pedir esmolas.
“Qualquer criança que for apanhada a pedir nas ruas será presa e colocada num lugar especifico, sob cuidados do Estado guineense”, refere Umaro Sissoco Embaló, dando como exemplo a realidade do Senegal, que proibiu as crianças talibés nas avenidas da grande Dakar.
O primeiro-ministro sublinha que não vai “tolerar” a situação “custe o que custar”, alegando ainda pertencer à mesma comunidade muçulmana que empurra as crianças para as ruas:
“Vou endurecer ainda mais. Em qualquer região que uma criança for apanhada a mendigar, já temos onde colocá-la. Temos que acabar com esta prática”, garante.
Organizações ligadas à defesa das crianças continuam a reprovar as declarações de Sissoco Embaló.
O secretário-executivo da organização não governamental AMIC, Laudelino Medina, acredita numa solução pacífica para tirar as crianças nas ruas, desde que haja uma concertação social entre os actores que intervêm no sector:
“De uma forma articulada, com a implicação de todos é possível encontrar uma solução pacifica e durável para esta situação, ao invés de uma medida coerciva que ponha em causa a paz, a coesão e a estabilidade social”, sublinha Medina.
Outra reação vem da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, uma instituição estatal responsável pela promoção e protecção dos direitos humanos na Guiné-Bissau.
Em comunicado, lamenta e repudia as declarações do primeiro-ministro e convida o Governo a desenvolver um diálogo para encontrar mecanismos de respostas face a situação das crianças vulneráveis.