A Organização Humanitária Internacional(OHI) reprova a criação de pequenos negócios para desmobilizados sem pensões, tal como anunciou recentemente o vice-presidente da República angolano
Em reacção à estratégia apresentada por Manuel Vicente, a OHI salienta que os ex-militares têm direito a uma reforma condigna.
O consultor social Misselo da Silva, delegado da OHI em Benguela, considera que a estratégia apresentada em nome do Presidente da República não é viável.
Em entrevista à VOA, o activista sustenta que caberá a cada desmobilizado criar o seu próprio negócio, desde que usufrua de um subsídio mensal.
Esta é a resposta ao anúncio de que as finanças públicas não suportam os 230 mil desmobilizados, oriundos das forças do Governo e da Unita, que se encontram à espera da reinserção social.
"Esta medida não é viável, na medida em que eles devem estar na Caixa Social. Refiro-me não apenas aos oriundos das Faplas (do MPLA) e da Unita, mas também os da FLEC e da FNLA. Mediante as suas pensões, cada um escolhe, se for o caso, o negócio a abrir. O Governo tem de encontrar soluções, pedindo empréstimo ou não, até porque a reforma é um direito", defende o consultor.
Talvez por isso a Associação dos Desmobilizados das ex-Faplas insista no pagamento de pensões.
Pelo menos para mais de 500 oficiais recenseados em Benguela, conforme garante o delegado provincial.
"Temos orientações e o conhecimento de que os oficiais terão o mesmo tratamento dos outros, daqueles que já beneficiam da Caixa Social das Forças Armadas. Os soldados e sargentos, na sua maioria com mais de 50 anos de idade, vão esperar por alguns projectos", disse o delegado António Tchinhama à Radio Benguela.
A Delegação Provincial da Ascofa controla cerca de 14 mil ex-militares, sendo 860 oficiais.