Procuradores em Nova Iorque acusaram nesta quinta-feira, 1, a Organização Trump, grupo empresarial do antigo Presidente americano, de operar um "esquema para fraudar" o Estado durante 15 anos e alegaram que a empresa compensou altos executivos com os benefícios contábeis, como dinheiro, mensalidades de escolas particulares e carros de luxo, sem inforar o fisco ou as autoridades fiscais do Estado essas movimentações.
Ao mesmo tempo, os procuradores indiciaram o director financeiro do grupo, Allen Weisselberg, com 15 acusações, incluindo roubo e fraude fiscal.
Tanto Weisselberg como a Trump Organization declararam-se inocentes e garantiram que vão lutar contra as acusações no tribunal.
"Este foi um esquema de pagamentos ilegais abrangente e audaz", disse Carey Dunne, conselheira geral do procurador distrital de Manhattan, ao apresentar o caso ao Tribunal Supremo do Estado de Nova Iorque em Manhattan.
Os advogados que representaram a Trump Organization disseram que a acusação era puramente política.
"Na nossa opinião, este caso foi instaurado porque o nome da empresa é Trump ... Este caso indica que agora os procuradores têm como alvo os opositores e adversários políticos federais”, acrescentaram em comunicado.
Ameaça à Organização Trump
Os procuradores sustentaram a sua acusação e alertaram que esse tipo de acções não é tomado de forma “leviana”, tendo em conta as consequências que uma empresa nessa situação pode enfrentar.
Há uma "série de factores" que influenciam a decisão de acusar uma empresa, disse o advogado Danya Perry, ex-procurador-geral adjunto de Nova Iorque e procurador federal.
"Um factor significativo, e que foi invocado pelos advogados de Trump, é o risco de consequências colaterais”, advertiu Perry.
Em alguns casos, até mesmo uma acusação é suficiente para levar uma empresa à falência, já que os clientes credores avaliam se desejam correr o risco de serem associados a uma organização acusada de actividade criminosa.
Possíveis novas denúncias
A acusação de 25 páginas apresentada ao tribunal hoje deixa claro que Allen Weisselberg não foi o único funcionário da Organização Trump a receber pagamentos que os procuradores acreditam serem ilegais.
Ele é, no entanto, o único realmente acusado de transgressão.
Analistas em direito apontam que a decisão de acusar Weisselberg é parte de um esforço para persuadi-lo a fornecer evidências que implicariam o ex-Presidente em acções ilegais, uma prática que o Estado usa comumente em vários tipos de processos judiciais.
"Tem havido muita especulação e informações públicas de que a razão pela qual Weisselberg está sendo acusado primeiro é porque os procuradores esperam derrubá-lo", disse Perry, para quem se ele aceitar colaborar com a justiça “certamente podemos esperar ver mais pessoas acusadas, mas definitivamente ainda não chegamos lá".
Trump reage
O ex-Presidente, a empresa e os advogados disseram que a acusação tem motivação política.
Num comunicado divulgado na tarde de hoje, Donald Trump disse: "A caça às bruxas política pelos democratas de esquerda radical, com Nova Iorque continua. Está a dividir o nosso país como nunca antes".