A oposição política angolana pede uma auditoria independente às contas da petrolífera
A Sonangol está a ser investigada no âmbito do caso “São Vicente”, no qual o empresário Carlos São Vicente, proprietário da companhia AAA, está indiciado de crimes de peculato, tráfico de influências e branqueamento de capitais
UNITA, CASA-CE E PRS afirmam que o caso é apenas a ponta do iceberg da corrupção em Angola, cujo epicentro está na Sonangol e alertam que Carlos São Vicente não é o único culpado.
Todos que passaram pela Sonangol devem ser chamados à justiça, defendeu Raúl Danda, o primeiro-ministro do Governo sombra da UNITA, que lembra que o seu partido sempre se bateu por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Sonangol.
"Se tivéssemos feito a CPI teríamos evitado muitas situações como estas, mas o MPLA nunca quis e agora com esta história dos milhões de São Vicente já se admite que muito dinheiro saiu do saco da Sonangol para destinos incertos e duvidosos”, lembra Danda, que pergunta se “vão ter a coragem de admitir que a UNITA tinha razão ou se vão continuar a tapar o sol com a peneira”.
Para o principal partido da oposição, “é urgente que se faça esta
auditoria para se saber a quantas andou a Sonangol durante todo este tempo".
A CASA-CE alinha pela mesmo diapasão, com o chefe da bancada parlamentar Alexandre Sebastião André a afirmar que o caso São Vicente é apenas uma “amostra de que a Sonangol precisa de uma auditoria feita por estrangeiros”.
"Mesmo a AAA, os valores orbitam na Sonangol, tudo gira à volta da Sonangol, até a aviação como a SONAE que não sabemos aonde foi parar, a Sonangol é de fato o epicentro da corrupção em Angola”, aponta André que considera este caso “apenas a ponta do iceberg, e atrás dele virão outras pessoas envolvidas".
Opinião similar tem Benedito Daniel, presidente do PRS, para quem Carlos São Vicente não está só.
"Como é que São Vicente teve essa oportunidade? Esteve sozinho nisto? O Vicente e a Isabel não foram os únicos que meteram mão na massa da Sonangol, esta empresa, ao invés de ter sido uma torneira do bem, tornou-se do mal, a PGR tem que investigar, fazer uma auditoria séria a Sonangol", exige o líder do PRS.
O caso
O empresário Carlos São Vicente, proprietário da companhia AAA, está no centro de uma investigação em torno do destino de milhões de dólares e já foi constituído arguido pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de de peculato, tráfico de influências e branqueamento de capitais.
Ontem ele foi interrogado durante várias horas na PGR e uma nova audição deve acontecer na próxima semana.
Num comunicado divulgado nesta quarta-feira, 16, a companhia petrolifera angolana Sonangol reconheceu que é também parte das investigações e garantiu estar a cooperar com a justiça na prestação de qualquer informação que interesse para esclarecer o caso.