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Oposição diz que João Lourenço falhou na limpeza das Forças Armadas


João Lourenço, na abertura do ano judicial 2021, Luanda, Angola
João Lourenço, na abertura do ano judicial 2021, Luanda, Angola

MPLA saúda "coragem e convicção " do Presidente angolano

A "limpeza" efectuada pelo Presidente angolano da Casa de Segurança que culminou com a exoneração do general Pedro Sebastião, substituído por outro general Francisco Pereira Furtado, e o pedido de João Lourenço ao novo Chefe da Casa de Segurança para "varrer" todos os fantasmas das Forças de Defesa e Segurança estão a ser recebidos com muito cepticismo pelos partidos na oposição.

O MPLA saudou a “coragem” de Lourenço.

A UNITA, o maior partido na oposição, diz que tanto João Lourenço como Francisco Pereira Furtado ocuparam altos cargos no sector da Defesa, sem contudo terem conseguido limpar a casa.

A deputada Mihaela Webba entende que o Chefe de Estado está a pedir algo que, de antemão, sabe ser uma tarefa impossível.

"O Presidente João Lourenço tornou-se Chefe de Estado e comandante em chefe das FAA em 2017, desde aquela data o que ele andou a fazer que não conseguiu acabar com os fantasmas das Forças Armadas? Isto só mostra que ele não está a combater corrupção nenhuma e este escândalo Lussaty vem demonstrar que o Presidente está a fazer combate selectivo à corrupção e impunidade porque se não o próprio governador do BNA devia já ter sido exonerado”, afirma Webba, sublinhando que “a corda arrebenta sempre pelo lado mais fraco".

O deputado independente pela CASA-CE, Makuta Nkondo, por seu lado, questiona a nacionalidade de Furtado.

"Ele já foi chefe de Estado-maior das FAA como cabo-verdiano e agora é o Chefe da Segurança do Presidente sendo cabo-verdiano, penso que é uma situação muito grave".

Nkondo também aponta o dedo ao Presidente, ao lembrar que ele foi “ministro da Defesa e que não conseguiu sanear as Forças Armadas, como comandante em chefe”.

Por isso diz estar “muito céptico que se consiga isso quando da sua própria casa saem malas e malas de dinheiros só de um simples major”, e pergunta “imaginem quantas malas não teria um general ou ele próprio o Presidente?”

“O Governo e o próprio João Lourenço caíram no descrédito", conclui.

O PRS, através do seu secretário-geral, Rui Malopa, também diz não acreditar que seja possível tal limpeza com o MPLA.

"Isto de sanear toda a Casa de Segurança do PR não vai resultar em nada porque o problema é um vírus que infectou todos eles, o próprio general Furtado já tinha sido indiciado há alguns anos, a questão é de sangue dos que dirigem o país desde 1975", afirma.

Entretanto, o MPLA, partido no poder, enalteceu hoje a "coragem e convicção demonstradas" pelo Presidente angolano na gestão do que considera "tão sensível processo" que envolve responsáveis da Casa de Segurança do Chefe de Estado.

Em comunicado, o secretariado do bureau político do Comité Central "encoraja" igualmente João Lourenço a "permanecer firme na liderança do combate sem tréguas à corrupção, à impunidade e ao nepotismo".

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