O presidente da Câmara da Região Metropolitana de Caracas António Ledezma foi detido ontem, 19, pelos serviços secretos bolivarianos, sem qualquer mandado de busca e apreensão. A oposição saiu hoje à rua para pedir a libertação de Ledezma e a demissão de Maduro.
Numa mensagem à nação, o presidente Nicolás Maduro citou um documento assinado por Ledezma, pelo também líder opositor Leopoldo López e por María Corina Machado, destituída do cargo de deputada em 2014, denominado "Acordo Nacional para a Transição", como causa da prisão do autarca por cerca de 80 agentes dos serviços secretos.
A jornalista Elianah Jorge disse à VOA, a partir de Caracas, que, segundo um deputado da oposição, Ledesma "questionou o facto de não haver um mandado de prisão e foi então espancado pelos agentes que atiraram para o ar para dispersar as pessoas".
O Presidente da Venezuela acusou também os Estados Unidos de estarem por trás do suposto plano de golpe de Estado, mas a porta-voz do Departamento de Estado, aqui em Washington, Jen Psaki já reagiu dizendo que as declarações de Nicolás Maduro "não têm qualquer base e que são falsas".
Hoje, a televisão estatal apresentou uma nova versão da causa da prisão de Ledesma: ele e a ex-deputada María Corina Machado tinham elaborarado um plano para assassinar Leopoldo López, o líder da oposição detido há mais de um ano, o que foi refutado pela oposição.
Na manhã de hoje, muitos líderes opositores manifestaram-se em Caracas para pedir a libertação do presidente de Câmara da Região Metropolitana de Caracas e a demissão do Presidente Maduro.
No acto, a oposição diz acreditar que haverá "muitas detenções nos próximos tempos devido às eleições parlamentares que devem acontecer este ano".
De acordo com Jorge, frente à enorme crise na Venezuela, os opositores afirmaram que o Governo tenta ofuscar a realidade.
A Human Rights Watch exigiu hoje a libertação de Antonio Ledezma.
"Sem provas da prática de um delito, o autarca nunca devia ter sido detido e deveria ser imediatamente libertado. Caso tal não suceda, estaremos perante um novo caso de detenção arbitrária contra opositores, num país onde não há independência judicial", afirmou o director da Human Rights Watch para as Américas, José Miguel Vivanco.