O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, parecia ter selado o caminho para o seu segundo mandato com uma vitória eleitoral na terça-feira, 8 de Agosto, mas a impugnação dos resultados pelo seu rival, Raila Odinga, mergulhou o país num clima de expectativa.
Kenyatta obteve 54,4% contra 44,74% de Raila Odinga do total de 14,1 milhões de votos dos cerca de 93,5% das urnas apuradas até o momento, anunciou a Comissão Eleitoral (IEBC) no final do dia de ontem.
Algumas horas antes, à noite, enquanto o IEBC ia publicando os resultados enviados pelos colégios eleitorais, Raila Odinga denunciou a divulgação de resultados "fictícios", acusando que o sistema informático tinha sido atacado.
"O sistema fracassou. Rejeitamos os resultados publicados até o momento. É uma fraude de uma gravidade monumental. Não houve eleições", denunciou Raila Odinga.
A oposição acusa o IEBC de não informá-lo das actas que corroborem os resultados transmitidos eletronicamente e divulgados no site da comissão. Odinga também acusa a comissão eleitoral de ter proibido os seus agentes de digitalizarem as actas em algumas seções eleitorais.
Veterano da política queniana e candidato à presidência pela quarta vez, Raila Odinga já havia questionado os resultados nas duas últimas disputas, em 2007 e em 2013.
Em 2013, Odinga denunciou fraudes após a vitória de Kenyatta já na primeira volta, alegando falha no sistema eletrónico. Recorreu ao Tribunal Supremo, que validou os resultados.
Para vencer na primeira volta, o candidato deve obter maioria absoluta e mais de 25% dos votos em pelo menos 24 dos 47 condados do país. O IEBC ainda não divulgou a taxa de participação.
Em 2007, o Quénia viveu dois meses de violência política e étnica pós-eleitoral, em meio a repressões policiais que deixaram pelo menos 1.100 mortos e mais de 600 mil deslocados.
AFP