Os partidos da oposição em Angola consideram que a justiça portuguesa deve continuar os processos contra dirigentes do país que insistem na fuga ao fisco e à corrupção.
Esta reacção surge depois de o juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa ter decidido levar o vice-presidente angolano Manuel Vicente a tribunal juntamente com o procurador português Orlando Figueira, que, segundo a acusação, terá recebido 700 mil euros em troca de decisões favoráveis.
O MPLA, através de um candidato a deputado, afirma que o recomeço do processo visa manchar a imagem do partido em tempo de eleições.
A oposição angolana defende que a justiça portuguesa deve efectuar o seu trabalho.
“Não temos nada a nos opor e começa a ficar claro aquilo que temos vindo a denunciar, ou seja que Portugal tem sido não só a lavandaria de angola, mas também um espaço em que dignatários angolanos cometem crimes”, afirma Lindo Bernardo Tito, deputado e porta-voz da CASA-CE.
Por seu lado, Alcides Sakala, deputado e porta-voz da UNITA, entende que este processo é um alerta aos dirigentes angolanos que continuam a apostar na fuga ao fisco e na corrupção dentro e fora do país.
Sakala lembra que esse tipo de processos “não vai acontecer apenas em Portugal mas em todos os países onde há dinheiro desviado de Angola”.
Do lado do partido no poder, o recomeço deste processo “visa tão-somente desviar as atenções dos angolanos em época de eleições”.
O candidato a deputado pelo MPLA Fernando Daniel vai mais longe e acusa a oposição de “fazer lobby para manchar a imagem do partido”.
Daniel considera que "Portugal tem tantos problemas, tanta pobreza, que não deve continuar com a ressaca da colonização",
Até ao momento nem o Governo angolano nem o gabinete do vice-presidente angolano pronunciaram-se sobre o assunto.