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Oposição angolana diz que Presidente foi infeliz na abordagem aos distúrbios em Luanda


Comité de Acção do MPLA, Benfica, Luanda, Angola, 10 Janeiro 2022
Comité de Acção do MPLA, Benfica, Luanda, Angola, 10 Janeiro 2022

UNITA, CASA-CE e PRS criticam insinuação de que há um plano macabro de ingovernabilidade e pedem a João Lourenço para "ler bem os sinais"

Os partidos da oposição em Angola consideram que o Presidente da República foi infeliz ao afirmar exitir um macabro plano de ingovernabilidade, através do fomento da vandalização de bens públicos e privados, incitação à desobediência e à rebelião, na tentativa da subversão do poder democraticamente instituído.

João Lourenço acusa oposição de ser responsável pela violência de segunda-feira – 2:30
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As reacções de ambos os lados surgem depois dos distúrbios registados na segunda-feira, 10, no bairro Benfica, em Luanda, quando residentes atearam fogo à sede do comité distrital do MPLA e a um autocarro do Ministério da Saúde.

Ambos os lados condenaram os incidentes registados no dia em que se dava início a uma greve de taxistas.

Na abertura da reunião do Conselho de Ministros nesta quarta-feira, 12, João Lourenço disse que a greve “serviu de pretexto para o aproveitamento político com vista a criar a ira dos cidadãos utilizadores desses meios de transporte urbano” e advertiu que “a única forma possível e legítima de se disputar o poder político é pela via democrática das eleições”.

"Incitação a desobediência, a rebelião e a tentativa de subversão são bem visíveis e facilmente reconheciveis, apontam para materialização de um plano macabro de ingovernabilidade através do fomento da vandalização de bens públicos e privados de subversão do poder democraticamente instituído", reiterou Lourenço.

As reacções da oposição surgiram de seguida, com o secretário provincial e deputado da UNITA, Nelito Ekuikui, a afirmar que o Presidente da República “devia focar-se na sua governação ao invés de procurar bodes expiatórios”.

“Ele vai continuar a falhar”, acrescentou Ekuikui, acusando o Chefe de Estado de, durante a sua governação, se ter focado no que chamou de “populismo e não na resolução dos problemas mais prementes da população”.

"Eles engendraram tudo"

O também deputado do principal partido da oposição Ernesto Mulato disse à
VOA estar mais do que evidente qual “era o plano".

"Então, alguém à espera de uma visita importante, a do Presidente cabo-verdiano, e eles iriam permitir que no dia que chega esta figura a UNITA iria infiltrar taxistas para arrebentar com a sede do MPLA, com a polícia de pé a olhar? Com a televisão já presente no local, soube como que iria ocorrer aquilo? Ou foram eles próprios que engendraram tudo?”, questiona Mulato.

Para o parlamentar, “esta estratégia de meter tudo na conta da UNITA já não colhe, nunca nós pensamos nisso e nem vamos pensar, é claro que é uma manipulação bem montada, para acusar os outros”, acrescenta Mulato, lembrando de quando se dizia que “a FNLA comia pessoas, etc,, para que o povo se revoltasse contra os outros, mas que tipo de gente é essa?"

"Assim começam as revoluções"

Da CASA-CE, o terceiro partido no Parlamento, também veio uma reacção do deputado Makuta Nkondo, quem adverte o Presidente da República para ler bem os sinais.

"É um sinal anunciador o que ocorreu na segunda-feira, o povo está completamente saturado, é mesmo assim que começam as revoluções, a Primavera Árabe começou assim, etc., devem deixar de acusar a UNITA, pensando que o povo não pensa que o povo não reflecte”, diz Nkondo que recomenda João Lourenço, ao invés de acusar e ameaçar os outros, a "preocupar-se com seus erros porque as coisas vão ser piores, isto é um sinal que o povo está a perder o medo".

Outro partido com assento parlamentar, o PRS, também repudia os distúrbios de segunda-feira e diz que o Presidente foi infeliz ao imputar a responsabilidade à UNITA.

"Que partido faria isso? Só para assumir a liderança do país? De maneira alguma, o Presidente da República ao dizer isso, insinuando que a UNITA orientou pessoas para partirem para vandalizão não me parece que tenha sido sensato”, afirmou Rui Malopa, secretário-geral do PRS.

Os incidentes

Na segunda-feira, 10, no início da greve, residentes atearam fogo na sede do comité do distrito do MPLA no bairro Benfica e num autocarro do Ministério da Saúde, que ficou completamente destruído.

Os taxistas reclamam a perseguição policial, violação dos direitos económicos e sociais, discriminação no cumprimento do decreto sobre o estado de calamidade pública entre táxis e autocarros, falta de profissionalização da actividade e da carteira profissional e a exclusão dos taxistas nas políticas públicas.

As associações de taxistas suspenderam a greve na terça-feira à espera de diálogo com as autoridades e denunciaram a prisão de cerca de 100 colegas.

O Tribunal da Comarca de Luanda libertou 11, por falta de provas, e julga mais 22 nesta quarta-feira.

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