Nas últimas semanas, o Presidente de Angola autorizou a adjudicação directa de vários contratos de empreitadas, na sua maioria assinados com empresas de governadores e de políticos do partido no poder.
Embora a adjudicação directa tenha amparo legal, a oposição considera que é uma estratégia de João Lourenço de criar novas elites e conseguir novos aliados.
Abílio Kamalata Numa, da UNITA, diz que o seu partido não é contra a criação de elites angolanas poderosas, desde que sem a “violação da ética e das leis” do país.
"O senhor Presidente da República visa formar um novo grupo social com condições financeiras, como foi no antigo regime, é outra vez um grupo de amigos que visa se apoderar e outros ficam à espera", afirma Numa.
Para o presidente do PRS, Benedito Daniel, Lourenço deve dar uma explicação sobre as razões de tanta adjudicação directa num curto espaço de tempo.
“Era de esperar que todas as adjudicações passassem pelo concurso público, agora eventualmente por detrás algo pode existir, nós os políticos que estamos fora não conseguimos saber o que está por trás disso, mas não é bom”, afirma aquele deputado.
Por seu lado, o presidente interino da bancada parlamentar da CASA-CE, Makuta Nkondo, é peremptório ao dizer que João Lourenço quer entregar directamente as obras.
“Quer entregar essas obras a empresas que ele escolhe não sei com que intenção, se é para compra de consciência de pessoas da sua confiança ou por corrupção”, afirma Nkondo.
A VOA contactou o secretário para a Informação e Propaganda do MPLA, Rui Falcão, que escusou prestar qualquer esclarecimento e nos remeteu ao Gabinete do Presidente João Lourenço.
Também contactamos Edeltrudes da Costa, director do Gabinete do Presidente da República, que ainda não se pronunciou.