Uma operação especial das autoridades suíças, em colaboração com a polícia de investigação americana, o FBI, prendeu sete executivos da Fifa sob a acusação de corrupção. O grupo dos detidos será extraditado para os Estados Unidos a fim de uma maior investigação sobre o assunto na federação mais importante do futebol mundial.
Segundo nota oficial do Ministério da Justiça dos Estados Unidos, 14 réus são acusados de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, entre outros delitos, num "esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol". Sete deles foram presos na Suíça mas vésperas da eleição do presidente da organização que acontece na próxima sexta-feira, 29.Entre os acusados estão dois vice-presidentes da Fifa, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol), o antigo presidente da Confederação Brasileira de Futebol José María Marín, o membro do comité da Fifa para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, membro do comité executivo da Fifa, e Jack Warner, de Trinidad e Tobago, antigo vice-presidente do organismo e ex-presidente da Concacaf.
O brasileiro J.Hawilla, dono da Traffic, conhecida empresa de marketing esportivo, é um dos réus que se declararam culpados, assim como duas empresas de seu grupo, a Traffic Sports International Inc. e Traffic Sports USA Inc. Em dezembro de 2014, segundo a justiça dos EUA, ele concordou em devolver mais de 151 milhões de dólares, sendo que 25 milhões foram pagos na ocasião. As acusações são de extorsão, fraude electrónica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça.
De acordo com informações publicadas pelo jornal NY Times, mais de uma dúzia de policiais suíços à paisana chegaram sem aviso prévio ao Baur au Lac Hotel, local no qual executivos se hospedavam para o congresso anual da organização, marcado para os dias 28 e 29 de maio, e renderam os acusados de corrupção em acção pacífica, sem menor resistência dos envolvidos.
As polémicas eleições para as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, que escolheram, respectivamente, Rússia e Catar, como sedes estão no centro das investigações.
Walter de Gregorio, porta-voz do organismo que rege o futebol mundial, defendeu que as detenções são positivas para a FIFA "em termos de limpeza".
"Isto é bom para a FIFA. Não é bom em termos de imagem ou reputação, mas é bom em termos de 'limpeza'. Não é um dia bonito, mas é um bom dia. O processo continua", disse De Gregorio.
O porta-voz reforçou ainda que o presidente Joseph Blatter não está envolvido na polémica.