Uma missão conjunta das âgencias da Organização das Nações Unidas (ONU) prestou nesta quinta-feira, 23, ajuda humanitária a 2.150 famílias, cerca de 10 mil pessoas, no distrito de Palma, como parte de um Plano de Resposta, desde que o berço dos megaprojetos de gás natural foi atacado e sitiado por insurgentes ligados ao Estado Islâmico.
Há um mês, o governo anunciou o regresso seguro da população que tinha fugido do ataque mais visível dos terroristas, a 24 de Março, e que forçou uma paralisação geral do distrito, incluindo do projeto de gás, liderado pela Total.
A resposta coordenada da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa Mundial para a Alimentação (PMA) ofereceu alívio às pessoas isoladas, que não recebiam ajuda humanitária desde o início dos ataques armados em Palma, refere um comunicado conjunto das agências.
“Com estes kits de abrigo (cobertores, utensílios de cozinha, esteiras de dormir, lonas, cordas e sacolas) esperamos reduzir o impacto sofrido pelos civis em Palma,” uma área que não era acessível, disse Laura Tomm-Bonde, Chefe de missão da OIM, citada no comunicado.
A carga e os trabalhadores foram transportados pelo serviço de logística do PMA, que envolveu barcos, camiões e uma aeronave do Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS).
Insegurança e colapso
O acesso e a segurança em áreas mais remotas continuam a ser um desafio para os actores humanitários em Cabo Delgado. A situação atual tem limitado a prestação de ajuda a algumas das populações mais vulneráveis, avança o comunicado.
“Os kits de emergência irão prevenir doenças potencialmente fatais, melhorar o estado nutricional das crianças e, em geral, permitir uma vida mais digna e segura”, disse a Representante do UNICEF Maria-Luisa Fornara.
Antonella D’Aprile, Representante do PMA, disse que “foi um esforço incrível humanitário conjunto das agências irmãs da ONU, o PMA, UNICEF e OIM em estreita coordenação com o Governo de Moçambique”.
Em declarações à VOA, Rachid Ali, um deslocado de Palma, disse que o distrito estava em vias de um colapso social, com “muitas famílias a se alimentarem de refeições improvisadas com tubérculos e suas folhas”.
Um outro deslocado, Ferdinando Salimo, disse que além de cortar o número de refeições diárias, a falta de alimentos no distrito já era motivo de muita preocupação dos deslocados.
“Essa ajuda é muito importante, muito importante”, enfatiza Salimo, para a seguir pedir às autoridades a reabertura da estrada que liga Pemba, a capital, para Palma, para que a circulação incentive a troca comercial.