O chefe das Nações Unidas, António Guterres, saudou na quarta-feira, 22, os esforços diplomáticos de Donald Trump para ajudar a garantir uma trégua na Faixa de Gaza após 15 meses de guerra. Guterres criticou ainda os que recuam nos compromissos climáticos e falou do perigo da Inteligência Artificial (IA).
“Vou elogiar os Estados Unidos, o Qatar e a Turquia pelos seus esforços durante meses e meses e meses para obter a libertação de reféns, também para obter o cessar-fogo”, disse Guterres no Fórum Económico Mundial em Davos, Suíça.
“Houve uma grande contribuição da diplomacia robusta do então presidente eleito dos Estados Unidos”, acrescentou Guterres, referindo-se a Trump.
Apesar do elogio, o chefe da ONU deixou uma série de avisos, falou sobre a falta de colaboração multilateral num “mundo cada vez mais sem leme”, onde aumentam o número de crises humanitárias e que enfrenta agora dois perigos existenciais.
A guerra nuclear já não é a única ameaça existencial para a humanidade, afirmou, apontando a crise climática e a “expansão desgovernada” da IA. Guterres recordou a necessidade de colaboração e de atenção global para fazer face às ameaças globais.
António Guterres lembrou ainda que inúmeras instituições financeiras e indústrias estão a recuar nos compromissos assumidos relativamente ao combate às alterações climáticas. A decisão é "míope e, paradoxalmente, egoísta e também auto-destrutiva. Vocês estão do lado errado da história. Estão do lado errado da ciência. E estão do lado errado dos consumidores que procuram mais sustentabilidade, não menos”, frisou.
A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima não vai pôr em causa o investimento em energia verde em todo o mundo, considera a diretora da Organização Meteorológica Mundial, Celeste Saulo.
“Este é um processo que está em curso e que está a trazer riqueza aos países e isso não vai mudar. Não espero que as pessoas se afastem de investimentos que são muito rentáveis e que são iniciativas verdes ao mesmo tempo”, declarou Saulo, em Davos.
Durante o seu primeiro mandato, Donald Trump já tinha retirado os Estados Unidos do acordo climático de Paris, concluído em 2015, mas o seu sucessor Joe Biden reintegrou o país. Esta nova retirada entrará em vigor dentro de um ano.
2024 foi o ano mais quente de que há registo e a temperatura média dos últimos dois anos ultrapassou o limite de aquecimento de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, adotado em 2015 sob a égide da ONU.
c/ AFP
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