O Presidente dos Estados Unidos garantiu que seu Governo está a negociar o perdão das dívidas dos países em desenvolvimento e reiterou o seu engajamento com países africanos, nomeadamente ao referir-se a projectos de infraestruturas em andamento, por exemplo em Angola.
Ao discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, 21, Joe Biden enfocou, no entanto, a sua intervenção na guerra na Ucrânia e acusou a Rússia de violar o mais elementar da Carta das Nações Unidas.
Biden destacou entre várias outras iniciativas do seu Governo, a Parceria para Infraestrutura e Investimento Global, que, juntamente com os demais países do G7, pretende mobilizar 600 mil milhões de dólares até 2027.
“Em vez de projectos de infraestrutura que geram dívidas enormes e grandes sem entregar as vantagens prometidas, vamos atender às enormes necessidades de infraestrutura em todo o mundo com investimentos transparentes – projetos de alto padrão que protegem os direitos dos trabalhadores e o meio ambiente – alinhados às necessidades do comunidades que atendem”, afirmou o Presidente americano, anunciando que “dezenas de projetos já estão em andamento, como a produção de vacinas em escala industrial no Senegal, projectos solares transformadores em Angola e a primeira pequena central nuclear modular do tipo na Roménia”.
Para Joe Biden, são investimentos que vão gerar retornos não apenas para esses países, mas para todos.
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
Na sua intervenção, a invasão da Ucrânia pela Rúsia deu caminho para que o Presidente fizesse uma forte defesa da reforma do Conselho das Nações Unidas, apontando o facto de um dos seus membros ter invadido outro país.
“Os membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo os Estados Unidos, devem defender e defender consistentemente a Carta da ONU e abster-se – abster-se do uso do veto, excepto em situações raras e extraordinárias, para garantir que o Conselho permaneça confiável e eficaz”, afirmou o Presidente americano que reiterou o apoio do seu Governo ao “aumento do número de representantes permanentes e não permanentes do Conselho”.
“Isso inclui assentos permanentes para as nações que apoiamos há muito tempo e assentos permanentes para países da África, América Latina e Caribe”, afirmou.
Uma nota positiva para os países africanos foi quando Biden afirmou que estamos a trabalhar para negociar de forma transparente o perdão da dívida para países de baixo desenvolvimento", uma exigência há muitos dos países africanos.
Joe Biden manifestou o seu apoio à União Africana” nos esforços de paz na Etiópia".
O Presidente americano enumerou também acções que o seu Governo tem feito no domínio da energia, nomeadamente africanos.
Entretanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia foi um dos principais focos do discurso de Biden, para quem “é a guerra de um homem só" e reiterou solidariedade ao Governo de Kyiv.
Irão não terá armas nucleares
Ele lembrou que "um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas invadiu seu vizinho, tentou apagar um Estado soberano do mapa. A Rússia violou descaradamente os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas".
O Presidente considerou que “isto deveria fazer o vosso sangue gelar” e lembrou que “é por isso que 141 nações na Assembleia-Geral se juntaram para condenar, sem qualquer dúvida, esta guerra da Rússia contra a Ucrânia".
“Se as nações podem prosseguir as suas ambições territoriais sem consequências, pomos em risco tudo aquilo que esta mesma instituição defende”, alertou o Presidente americano para quem "não se pode apropriar um território de uma nação à força, e o único país que está no caminho disto é a Rússia".
Quanto ao Irão, o Presidente americano voltou a dizer que “não vamos permitir ao Irão ter armas nucleares” mas afirmou continuar a acreditar na via diplomática para a negociação sobre o acordo nuclear com o Irão.
No final, Joe Biden fez um apelo aos líderes mundiais para que unam “para declarar novamente a inconfundível determinação de que as nações do mundo ainda estão unidas, que defendemos os valores da Carta da ONU, que ainda acreditamos que, trabalhando juntos, podemos virar o arco da história em direcção a um mundo mais livre e mais justo. mundo para todos os nossos filhos, embora nenhum de nós o tenha alcançado plenamente”.
“Não somos testemunhas passivas da história, somos os autores da história”, concluiu o Presidente americano.