A ONU adverte contra uma “invasão terrestre israelita em grande escala” no Líbano. A força de manutenção da paz da ONU advertiu na terça-feira, 1, que qualquer travessia para o país violaria a sua soberania, depois de Israel ter anunciado que iria efetuar incursões terrestres limitadas.
“Qualquer passagem para o Líbano constitui uma violação da soberania e da integridade territorial libanesas”, declarou a UNIFIL. “Os civis devem ser protegidos, as infra-estruturas civis não devem ser atingidas e o direito internacional deve ser respeitado”.
Israel e os Estados Unidos estão de acordo quanto à importância de desmantelar as “infra-estruturas de ataque” do Hezbollah ao longo da fronteira israelo-libanesa, afirmou na terça-feira o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, na rede social X, depois de ter falado durante a noite com o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin.
Israel invadiu o sul do Libano na segunda-feira, 30, afirmando tratar-se de uma invasão "limitada e precisa" para atacar estruturas do Hezbollah. O grupo militante libanês Hezbollah afirmou na terça-feira ter atacado a base dos serviços secretos militares israelitas de Glilot, perto de Telavive. "É apenas o começo", disse o chefe das relações com a comunicação social, em declarações à agência Reuters.
O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, disse que Israel deve deixar de realizar ataques terrestres no sul do Líbano para evitar uma escalada do conflito que envolve a região.
Desde fevereiro de 2022, a Espanha comanda a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) e destacou 650 soldados ao longo da fronteira sul do Líbano com Israel.
60.000 crianças chegaram à Síria
Cerca de 100.000 pessoas - 60% sírias e 40% libanesas - entraram na Síria a partir do Líbano desde que as hostilidades se intensificaram a 24 de setembro, segundo dados da ONU. Dessas, 60.000 são crianças, segundo a organização não governamental (ONG), Save the Children.
A ONG pede um "abrandamento imediato da violência na região", sublinhando que muitas crianças sofrem de desidratação e exaustão. "Algumas crianças foram obrigadas a caminhar durante horas sob a ameaça de ataques aéreos, apenas para chegar a uma fronteira que continua a ser perigosa. Esta situação não pode continuar", afirma Rasha Muhrez, Diretora de Resposta da Save the Children na Síria, num comunicado.
A organização recorda que a "Síria já está a braços com a maior crise humanitária de sempre, após 13 anos de conflito", onde 16 milhões de pessoas - das quais 45% são crianças -, necessitam de alguma forma de assistência humanitária. "A crise humanitária na Síria atingiu níveis recorde e está a ser arrastada para uma escalada regional", declara Muhrez.
A Save the Children lembra que ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, as zonas civis densamente povoadas devem ser protegidas.
Cristhian Cortez, da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), afirmou que a situação no Líbano se tinha transformado numa crise humanitária.
A escalada de violência deslocou cerca de um milhão de pessoas, quase um quinto da população do Líbano. Antes do ataque terrestre, a escalada de ataques de Israel ao Líbano terá matado mais de 1000 pessoas em apenas duas semanas, informou Liz Throssell, porta-voz do gabinete dos direitos da ONU, os jornalistas em Genebra.
c/ reuters e AFP
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