Um grupo armado, ligado ao Estado Islâmico, abriu fogo contra a aldeia Pulo, no interior do distrito de Metuge, na província moçambicana de Cabo Delgado, decapitou três pessoas e raptou uma mulher na quarta-feira, 28, no terceiro ataque naquele distrito colado à capital, Pemba, nesta semana.
No sábado, cinco pessoas foram decapitadas na aldeia de Muissi, no mesmo distrito.
À VOA vários moradores contaram que o grupo atacou a aldeia, capturou um casal, com um bebé de três meses, e decapitou o homem, forçando a mulher a levar a cabeça do marido para entregar às autoridades.
“A mulher e a criança foram poupados, e estão refugiados na vila sede do distrito de Metuge”, contou um morador, citando a viúva, que está traumatizada após o incidente.
Outro morador disse que a mesma aldeia tinha sido atacada nesta semana, quando dois homens foram decapitados pelo grupo armado, e uma mulher, que inicialmente tinha sido dada como desaparecida, foi raptada.
“Se fosse desaparecimento dessa senhora, sendo ela adulta, já teria aparecido em algum lugar, o que significa que foi raptada”, disse à VOA Mussa Salimo, insistindo que o avanço do grupo armado para Metuge “deixa a situação nada boa”.
O distrito de Metuge acolhe o maior número de deslocados de ataques terroristas que em cinco anos já se espalharam e afectam agora 12 distritos de Cabo Delgado.
Cinco civis decapitados no sábado
No sábado, 24, o grupo atacou a aldeia de Muissi, em Metuge, decapitou um total de cinco civis e destruiu dezenas de habitações precárias, situação que provocou pânico nas comunidades vizinhas, fazendo também soar a insegurança nas aldeias que acolhem milhares de deslocados do conflito.
Nutros incidentes, em Namuembe (Nangade), as forças governamentais confrontaram-se fortemente com um grupo armado que pretendia assaltar uma posição da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), ligada à Polícia. Do confronto não resultaram baixas.
Já em Nangade, a força local introduziu escolta obrigatória de viaturas no troço de estrada entre Nangade a Mueda, devido a crescente insegurança e após um ataque a um transporte semi-coletivo de caixa aberta na semana passada, que resultou numa morte e saque de vários bens dos passageiros.
Terroristas mortos
Esta semana a Missão da Comunidade para o Desenvolvimento da ÁFrica Austral (SADC), SAMIM, nas siglas em inglês, informou que um total de 16 terroristas foram mortos em confrontos com suas tropas e o exército moçambicano, enquanto outros quatro terroristas foram capturados durante as investidas do grupo armado contra posições do exército no distrito de Quissanga.
Bernardino Rafael, comandante geral da Polícia moçambicana, que confirmou a informação, disse que as forças governamentais avançaram e destruíram novas bases matando elementos de grupos armados, mas parte dos terroristas foram mortos por ataques de animais selvagens.
“Hoje estão a enterrar 16 terroristas que morreram de ferimentos das armas das Forças de Defesa e Segurança, de cobras, de leões, de búfalos e até de crocodilos”, disse Bernardino Rafael, durante um encontro com a população de Bilibiza, no distrito de Quissanga, na quarta-feira, 28.
Entretanto, os canais do Estado Islâmico voltaram a reivindicar novos ataques no sábado, 24, contra a aldeia Ntotue, localizada no troço da estrada Mocímboa da Praia-Owasse, que resultou na morte por decapitação de um individuo do sexo masculino, e no domingo, 25, contra um quartel conjunto do exército moçambicano e do SAMIN, a tropa regional, na aldeia Namuembe, no distrito de Nangade).
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