Num gesto considerado controverso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou o presidente Zimbabwe, Robert Mugabe, como "Embaixador de Boa Vontade" para ajudar a combater doenças não transmissíveis, como ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e asma em África.
O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o primeiro africano a liderar a organização, recebeu uma série de críticas de activistas dos direitos humanos pela nomeação.
Hillel Neuer, director executivo da U.N. Watch, com sede em Genebra, disse em comunicado que "o governo de Robert Mugabe brutalizou activistas de direitos humanos, esmagou dissidentes democratas e transformou o celeiro de África e seu sistema de saúde numa cesta".
Neuer acrescentou: "A ideia de que a ONU quer agora transformar este país em grande defensor da saúde é, francamente, doentia".
"A decisão de nomear Robert Mugabe Embaixador da Boa Vontade da OMS é profundamente decepcionante e errada", disse o Dr. Jeremy Farrar, director do Wellcome Trust, uma instituição de caridade britânica. "Em todos os sentidos, Robert Mugabe não consegue representar os valores defendidos pela OMS".
Iain Levine, director de programas da Human Rights Watch, disse no Twitter: "Dado o apavorante histórico dos direitos humanos de Mugabe, chamá-lo Embaixador de Boa Vontade de algo é constrangedor para a OMS e para o Dr.Tedros".
A nomeação é "ridícula", disse Obert Gutu, porta-voz do MDC, o principal partido da oposição no Zimbabwe. "Mugabe destruiu o nosso sistema de serviços de saúde. Ele e a sua família recebem tratamento de saúde na Singapura, após ter deixado colapsar os nossos hospitais públicos".
O chefe da OMS, Tedros, no entanto, elogiou o Zimbabwe como "um país que coloca a cobertura universal de saúde e a promoção da saúde no centro de suas políticas".
A nomeação foi comunicada numa cerimónia, ontem, 20, no Uruguai, na presença do próprio Robert Mugabe, de 93 anos, e estadista mais velho do mundo.