A Associação Industrial Angolana (AIA) adverte que o oleoduto delineado para o transporte de petróleo entre Angola e a Zâmbia, no valor de cinco mil milhões de dólares, exige, para o caso da refinaria do Lobito, soluções técnicas que contraponham presumíveis problemas nos agregados populacionais pelos quais passará.
É com este argumento que a AIA reforça a tese de que a melhor solução seria o sul da Baía Farta, onde deveria ter nascido o maior projecto petroquímico do país.
Com o poder político intransigente, até pelos mais de 800 milhões de dólares americanos investidos nas infra-estruturas de apoio, resta ao presidente da AIA, José Severino, alertar para eventuais acidentes como consequência de uma obra sobre a cidade ‘’pérola do turismo’’, tendo como paradigma a realidade na Nigéria.
"Da refinaria para se chegar ao rio Catumbela, temos sérias dificuldades com acidentes de terrenos; teremos sérias dificuldades com a massificação da população. Afinal, não nos podemos esquecer que vão sair produtos voláteis, como gasóleo e gasolina. Por isso é que sempre apontámos o sul da Baía Farta como o melhor local, lançando um caminho-de-ferro e o pipeline (oleoduto) que iria entroncar com a actual linha do caminho-de-ferro de Benguela, fugindo dos agregados populacionais. Esperemos, já que o poder político pensa diferente, que existam soluções técnicas para os presumíveis problemas’’, sustenta Severino.
Conforme as contas da Sonangol, feitas na presença do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, as obras para a refinaria, nunca acima de seis mil milhões de dólares, com capital público e privado, deveriam ter arrancado há já seis meses.
José Severino diz que as autoridades devem mostrar ao mundo que se trata de um projecto viável.
"Provavelmente o capital privado não está assim tão aberto a enfrentar o projecto. Sabemos que um ou dois países estarão mais interessados, mas não em participar no capital. É uma questão de marketing políticos, penso que ministros e o senhor Presidente da República devem convencer os investidores privados, mostrando que a refinaria será boa para a região, não apenas para Angola’’, sugere o presidente da AIA.
As datas são uma incógnita, mas o governador de Benguela, Rui Falcão, olha já para o lado social
"São, camaradas, sete mil empregos directos e cerca de 13 mil indirectos. Só temos de esperar, assim como rezar para que outras indústrias venham para cá. Até porque existem grandes propostas, mas a condicionante é a energia, que vai merecer a nossa aposta’’, adianta o governante.
As infra-estruturas de apoio à refinaria, erguidas ao longo dos últimos dez anos, são o terminal marítimo, vias de acesso e o espaço terraplanado.
A refinaria vai processar uma média diária de 200 mil barris de crude.