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Angola: Oficiais do Ministério da Justiça e Direitos Humanos iniciam greve


Greves de oficiais de justiça, Malanje (Foto de Arquivo)
Greves de oficiais de justiça, Malanje (Foto de Arquivo)

Principais reivindicações são falta de verbas para as diversas áreas e promoções na carreira .

Oficiais ao serviço do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola (MJDH) de Angola observam uma greve de quatro dias, a partir desta segunda-feira, 14, para exigir a satisfação de um caderno reivindicativo que remonta ao ano de 2018.

O secretário-geral do Sindicato dos Oficiais Justiça (SOJA), Joaquim Teixeira, disse à Voz da América que a principal reclamação tem a ver com a falta de verbas para as diversas áreas e promoções na carreira.

“Nenhuma exigência foi satisfeita”, revelou aquele líder sindical que revelou que vários oficiais são obrigados a pagar do seu próprio bolso deslocações em missões de distribuição de documentos.


“É inadmissível, porque nós produzimos e não há razão de ser” , sublinhou Joaquim Teixeira.

Trata-se da segunda paralisação no setor da justiça depois da que teve lugar de 20 de Março a 14 de abril deste ano, pelos mesmos motivos e que foi extensiva aos tribunais de primeira e segunda instâncias.

Na altura, o Conselho Superior da Magistratura Judicial considerou a greve como sendo ilegal por supostamente não ter cumprido os preceitos legais tendo-se recusado a receber a declaração da paralisação e a responder ao caderno reivindicativo.

A greve desta segunda-feira, que não abrange os oficiais de justiça afetos aos tribunais de jurisdição comum , termina no dia 18 de Agosto e tem assegurados os serviços mínimos, de acordo com a fonte.

A Voz da América tentou contactar, sem sucesso, a responsável pela comunicação social do MJDH.

A paralisação resultou de uma decisão tomada por uma assembleia-geral dos trabalhadores realizada em 29 de julho, na província de Benguela, que “analisou o grau de incumprimento dos pontos constantes no acordo assinado entre a entidade patronal e o SOJA”.

Um comunicado distribuído na sexta-feira, 11, o SOJA apontou incumprimentos relativos a melhorias dos serviços técnicos e administrativos, cujas condições são descritas como “desumanas e inconcebíveis” em várias províncias do país.

O SOJA também exige o reforço de auxiliares de limpeza e de funcionários e “com urgência” um concurso público de ingresso e acesso “em igualdade de oportunidade, evitando nepotismo e compadrio”.

“ O setor da justiça carece de funcionários, somos poucos e muitos vão à reforma cada ano que passa”, alerta aquele sindicato que exige ainda “ um tratamento atencioso” aos estatutos remuneratórios.

“Há que se definir os estatutos de cada classe, incluindo dentro deles, as mordomias necessárias, na base das dificuldades e da proeminência de cada serviço. Ainda temos muitos funcionários não promovidos, mesmo com requisitos. Não queremos gradualismo promocional. A nível do país somos cerca de seis mil e tal apenas. Promover todos que reúnem requisitos é possível”, reforçou o SOJA.

O sindicato refere que o setor da justiça “arrecada milhões, que são depositados diariamente no Cofre Geral da Justiça”, contudo, o destino dado é desconhecido, porquanto os oficiais vivem e trabalham “sob realidades desumanas, sob olhar atento dos responsáveis ministeriais”.

“Sempre que há troca de direção ministerial, a nova que entra encontra sempre o cofre vazio e justifica-se com este pretexto” sustenta o SOJA que sugere “uma auditoria eficaz para apurar as causas desse vazamento de valor na sucessão de cada direção e outras situações”.

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