A construtora brasileira Odebrecht, acusada de ser um dos pivôs do escândalo de corrupção Lava Jato, intensificou negociações com o Governo de Angola para manter os projectos no país.
O jornal de São Paulo revela que funcionários da empreiteira realizaram uma reunião com investigadores angolanos há mais de um mês com o objetcivo de manifestar interesse em negociar.
A necessidade de ter garantias para continuar a operar em Angola tornou-se ainda mais urgente depois da divulgação de alguns detalhes do esquema de pagamento de luvas que envolveu dirigentes angolanos.
O Ministério Público brasileiro, citado por aquele jornal, admite novas revelações em Junho, facto que leva os dirigentes da empresa a tentar chegar a um acordo com as autoridades de Luanda antes que as informações possam vir a dificultar futuros negócios com Angola.
O acordo pretendido pela Odebrecht segue o modelo do que a empresa negoceia com outros países, como Peru, Equador e Venezuela: a ideia é revelar informações sobre actos de corrupção de agentes públicos nesses territórios, pagar uma multa e, em contrapartida, ter a garantia de que a empresa sobreviverá naqueles países.
Em Dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou documentos que provam que a Odebrecht pagou mais de50 milhões de dólares em luvas a funcionários angolanos.
Os negócios ocorreram entre 2006 e 2013 e renderam cerca de261,7 milhões de dólares à empreiteira brasileira.
Após a divulgação do documento pela justiça americana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reuniu-se com representares de 10 países interessados e explicou que, para tanto, era preciso firmar um acordo com a empresa.
Na ocasião, a Angola e Moçambique não participaram do encontro.
A Odebrecht também é acusada de ter pago cerca de 900 mil dólares em luvas a funcionários moçambicanos para facilitar negócios no país.