O Presidente americano Barack Obama ordenou a revisão completa da suposta acção de hackers nas eleições presidenciais de 8 de Novembro.
"É para capturar lições aprendidas e para informar as partes interessadas", disse a assessora de segurança interna e contra terrorismo do Presidente, Lisa Monaco, nesta sexta-feira, 9, adiantando que a revisão deve ser feita antes da posse de Donald Trump, a 20 de janeiro.
Vários legisladores democratas pediram na terça-feira, 6, ao Presidente Barack Obama que publique os detalhes da investigação sobre a suposta interferência russa na eleição presidencial americana, diante do temor de que o tema fique “enterrado” quando Donald Trump assumir o poder, em Janeiro.
O Presidente eleito rejeitou em diversas ocasiões a ideia de que Moscovo tivesse qualquer relação com a fuga de e-mails privados que, segundo os democratas, prejudicaram a sua concorrente na corrida presidencial, Hillary Clinton, e supostamente contribuíram para a sua derrota.
Os legisladores disseram que não refutam o resultado da eleição, mas querem que se torne público o que acreditam que foi uma tentativa de um país estrangeiro de erodir os pilares da democracia americana.
"Ao erodir a confiança dos americanos e dos estrangeiros nas instituições dos Estados Unidos, a Rússia enfraquece nosso país e semeia instabilidade e incerteza global", afirmaram os líderes democratas da Câmara de Representantes na carta enviada na terça-feira a Obama.
Funcionários da inteligência americana anunciaram no dia 7 de Outubro que "o Governo russo dirigiu os recentes vazamentos de e-mails de indivíduos e instituições americanas, incluídos os de organizações políticas dos Estados Unidos".
"Estes roubos e divulgações pretendem interferir no processo eleitoral", indicaram em comunicado o Departamento de Segurança Interior e o Gabinete do Diretor da Inteligência Nacional.
O comunicado fazia referência à fuga pelo WikiLeaks e por outros sites de e-mails roubados das contas do director de campanha da democrata, John Podesta, e do Comité Nacional Democrata, que colocaram em evidência tanto o partido quanto a sua candidata à Casa Branca.
Susan Hennessey, uma ex-advogada da Agência Nacional de Segurança (NSA) e especialista em ciber-segurança da Brookings Institution, disse que havia motivos sólidos para a preocupação, e que “não se tratava de mera politicagem por parte de uns perdedores ressentidos”.
"Foi uma eleição muito apertada, e foi um acontecimento significativo. Por isso, é importante ter uma resposta realmente séria", disse Hennessey à AFP.
Os legisladores democratas, que já foram informados em particular por agentes de inteligência, sugerem que há algo mais que as fugas e que é preciso tornar estes factos públicos.
Apesar das conclusões da inteligência americana, o Presidente eleito Trump, enquanto candidato, rejeitou a ideia de que Moscovo estivesse por trás dessa fuga.
"Pode ser a Rússia, mas também pode ser a China. Podem ser muitas outras pessoas (...) Não se sabe quem interferiu no DNC", disse Trump num debate presidencial em Setembro.
Na quarta-feira, perguntado pela revista Time se a inteligência estava politizada, Trump respondeu: "Acredito que sim".