WASHINGTON DC, 10 DE SETEMBRO DE 2013 —
Tensão entre os governos brasileiro e americano continua a acirrar-se à medida em que mais informações sobre a possível “espionagem” da Agencia de Segurança Nacional americana vêm à tona. Após notícias de que a presidente do Brasil Dilma Rousseff haveria sido alvo da agência americana, documentos recentemente publicados revelam que a companhia petrolífera brasileira Petrobrás teria tido sua rede de computadores invadida pela agência americana.
O caso surgiu no dia 1º de Setembro, domingo, quando a emissora de televisão TV Globo revelou, através de documentos confidenciais obtidos pelo jornalista do jornal The Guardian Glenn Greenwald, que a presidente da república Dilma Rousseff haveria tido sua correspondência pessoal "fiscalizada" pela ASN. No dia seguinte, o ministro das relações exteriores Luiz Alberto Figueiredo cobrou do embaixador americano Thomas Shannon explicações sobre o caso:
"Convoquei o embaixador Thomas Shannon a meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro com a violação das comunicações da Presidente da República. No nosso ponto de vista isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária na parceria estratégica entre dois países. Eu disse ao embaixador que o governo quer prontas explicações, formais, por escrito"
Entretanto, respostas insatisfatórias por parte da Casa Branca enervaram o governo brasileiro. Na terça-feira, dia 3, o Senado brasileiro instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para obter maiores detalhes sobre o caso. Entre outros atos, essa comissão concedeu protecção policial para os jornalistas Greenwald e seu parceiro David Miranda, que havia sido detido e interrogado durante 8 horas quando da sua passagem por Londres. Miranda haveria trazido consigo os documentos confidenciais da ASN, entregues por Edward Snowden, que foram apresentados por Greenwald à emissora brasileira.
David Fleischer, cientista político americano e professor emérito da Universidade de Brasília, enumerou outros movimentos políticos, tomados por ambos governos, que dão indícios do declínio da relação entre os dois países.
Ouça o áudio no link abaixo:
"Tem três sinais que apareceram essa semana. Um foi que (o embaixador dos Estados Unidos no Brasil) Shannon saiu as pressas do Brasil (na sexta-feira, dia 6), sem nenhuma festa de despedida, e ele foi convocado para ir direto para ser o novo embaixador na Turquia. Havia noticias na imprensa que ele iria pegar um cargo importante no state department para estar em Washington preparando a visita da Dilma, e estaria presente em outobro durante a visita dela. Mas Washington decidiu por alguma razão que dispensa ele e manda ele direto pra Turquia.
Uma missão brasileira, que se pode chamar de uma missão avançada de diplomatas, diante da segurança e da logística, iria para Washington, na semana que vem, para articular a visita dela (Presidente do Brasil Dilma Rousseff). E essa visita desse grupo avançado foi cancelada ou adiada (na quinta-feira, dia 5) por parte da "presidenta".
E outro sinal foi que a FAB (Força Aérea Brasileira) e a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em Gavião Peixoto, onde a Embraer tem uma base para preparar aviação de defesa, fizeram uma grande cerimônia (ocorrida dia 2, segunda-feira), com muita pompa e circumstancia, para a Embraer entregar o primeiro avião AMX, recondicionado, à FAB, o primeiro dos 43. Esse foi outro recado, muito forte, no sentido de que o brasil não precisa do Fx2 (Modelo de caça da empresa americana Boeing que seria adquirido através de concorrência) tão cedo.
Então, para mim, foram 3 recados dos dois lados bastante importantes."
Apesar do relocamento de Thomas Shannon, o relacionamento entre as duas partes havia aquietado, após encontro em particular entre Dilma Rousseff e Barack Obama, na noite do dia 5, na Cúpula do G20 em São Petersburgo. Na conversa, o presidente americano prometeu que daria explicações sobre o caso para o governo brasileiro até o dia 11.
Contudo, domingo passado, dia 8, a emissora TV Globo voltou a revelar outros documentos confidenciais da ASN que indicam que a empresa petrolífera estatal brasileira Petrobrás também haveria sido alvo de espionagem. Tal informação põe em xeque a posição oficial da agência americana, divulgada pelo jornal The Washington Post, de que, apesar de não existir nenhum caso de terrorismo por parte de brasileiros, a “espionagem” sobre o governo sul-americano teria motivos de segurança nacional. A presidente Dilma Rousseff, em nota oficial publicada na segunda-feira, dia 9, foi taxativa ao revelar o que seria o verdadeiro motivo da “espionagem” americana:
"Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos"
"Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro"
"Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas."
Amanhã termina o prazo dado pelo presidente Barack Obama para explicar as alegações de espionagem. Caso não sejam consideradas satisfatórias pelo governo brasileiro, é provável que a visita oficial da presidente Dilma Rousseff marcada para o dia 23 de outubro seja cancelada. Em última instância, o Brasil poderá levar o caso à Assembléia Geral das Nações Unidas, que se reunirá dia 17 deste mês, para que seja julgado pela Corte Internacional de Justiça.
O caso surgiu no dia 1º de Setembro, domingo, quando a emissora de televisão TV Globo revelou, através de documentos confidenciais obtidos pelo jornalista do jornal The Guardian Glenn Greenwald, que a presidente da república Dilma Rousseff haveria tido sua correspondência pessoal "fiscalizada" pela ASN. No dia seguinte, o ministro das relações exteriores Luiz Alberto Figueiredo cobrou do embaixador americano Thomas Shannon explicações sobre o caso:
"Convoquei o embaixador Thomas Shannon a meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro com a violação das comunicações da Presidente da República. No nosso ponto de vista isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária na parceria estratégica entre dois países. Eu disse ao embaixador que o governo quer prontas explicações, formais, por escrito"
Entretanto, respostas insatisfatórias por parte da Casa Branca enervaram o governo brasileiro. Na terça-feira, dia 3, o Senado brasileiro instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para obter maiores detalhes sobre o caso. Entre outros atos, essa comissão concedeu protecção policial para os jornalistas Greenwald e seu parceiro David Miranda, que havia sido detido e interrogado durante 8 horas quando da sua passagem por Londres. Miranda haveria trazido consigo os documentos confidenciais da ASN, entregues por Edward Snowden, que foram apresentados por Greenwald à emissora brasileira.
David Fleischer, cientista político americano e professor emérito da Universidade de Brasília, enumerou outros movimentos políticos, tomados por ambos governos, que dão indícios do declínio da relação entre os dois países.
Ouça o áudio no link abaixo:
"Tem três sinais que apareceram essa semana. Um foi que (o embaixador dos Estados Unidos no Brasil) Shannon saiu as pressas do Brasil (na sexta-feira, dia 6), sem nenhuma festa de despedida, e ele foi convocado para ir direto para ser o novo embaixador na Turquia. Havia noticias na imprensa que ele iria pegar um cargo importante no state department para estar em Washington preparando a visita da Dilma, e estaria presente em outobro durante a visita dela. Mas Washington decidiu por alguma razão que dispensa ele e manda ele direto pra Turquia.
Uma missão brasileira, que se pode chamar de uma missão avançada de diplomatas, diante da segurança e da logística, iria para Washington, na semana que vem, para articular a visita dela (Presidente do Brasil Dilma Rousseff). E essa visita desse grupo avançado foi cancelada ou adiada (na quinta-feira, dia 5) por parte da "presidenta".
E outro sinal foi que a FAB (Força Aérea Brasileira) e a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em Gavião Peixoto, onde a Embraer tem uma base para preparar aviação de defesa, fizeram uma grande cerimônia (ocorrida dia 2, segunda-feira), com muita pompa e circumstancia, para a Embraer entregar o primeiro avião AMX, recondicionado, à FAB, o primeiro dos 43. Esse foi outro recado, muito forte, no sentido de que o brasil não precisa do Fx2 (Modelo de caça da empresa americana Boeing que seria adquirido através de concorrência) tão cedo.
Então, para mim, foram 3 recados dos dois lados bastante importantes."
Apesar do relocamento de Thomas Shannon, o relacionamento entre as duas partes havia aquietado, após encontro em particular entre Dilma Rousseff e Barack Obama, na noite do dia 5, na Cúpula do G20 em São Petersburgo. Na conversa, o presidente americano prometeu que daria explicações sobre o caso para o governo brasileiro até o dia 11.
Contudo, domingo passado, dia 8, a emissora TV Globo voltou a revelar outros documentos confidenciais da ASN que indicam que a empresa petrolífera estatal brasileira Petrobrás também haveria sido alvo de espionagem. Tal informação põe em xeque a posição oficial da agência americana, divulgada pelo jornal The Washington Post, de que, apesar de não existir nenhum caso de terrorismo por parte de brasileiros, a “espionagem” sobre o governo sul-americano teria motivos de segurança nacional. A presidente Dilma Rousseff, em nota oficial publicada na segunda-feira, dia 9, foi taxativa ao revelar o que seria o verdadeiro motivo da “espionagem” americana:
"Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos"
"Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro"
"Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas."
Amanhã termina o prazo dado pelo presidente Barack Obama para explicar as alegações de espionagem. Caso não sejam consideradas satisfatórias pelo governo brasileiro, é provável que a visita oficial da presidente Dilma Rousseff marcada para o dia 23 de outubro seja cancelada. Em última instância, o Brasil poderá levar o caso à Assembléia Geral das Nações Unidas, que se reunirá dia 17 deste mês, para que seja julgado pela Corte Internacional de Justiça.