Em Moçambique, há quem receie que o Chefe de Estado Filipe Nyusi, depois de ter assumido também a presidência da Frelimo, dê primazia a questões políticas e não avance com reformas arrojadas que possam garantir o desenvolvimento da economia e a criação do bem-estar para a maioria dos moçambicanos.
Especialistas dizem que a economia moçambicana precisa de reformas, de modo a que, por exemplo, não dependa, em grande medida, dos megaprojectos e, por isso, defendem a diversificação aa economia.
Os megaprojectos, dizem, não geram os níveis de emprego nem as ligações necessárias com o resto da economia para poder dinamizá-la como um todo.
Os economistas realçam que "pelo contrário, Moçambique está a entregar recursos a grandes empresas internacionais, permitindo a saída de 7 a 9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em fuga lícita e ilícita de capitais, todos os anos".
O outro problema é que a economia também não retém a riqueza que gera porque os produtos são exportados em bruto, assim como não permite o desenvolvimento das pequenas e médias empresas ligadas à agricultura, turismo e pescas que criam mais postos de trabalho do que os megaprojectos.
O economista Eduardo Sengo, Conselheiro Económico da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), na sigla em inglês, diz que as matérias-primas podem servir para "alimentar o crescimento e o desenvolvimento aqui em Moçambique, através da sua transformação, e não somente através da sua exportação em bruto".
"Nós podemos refinar o petróleo e transformar o gás, carvão e outros recursos aqui no País, e isso permitirá o desenvolvimento da indústria transformadora que cria mais empregos do que a indústria extractiva, para além de que tem a capacidade de ser locomotora de toda a economia".
Outros analistas acham que tais reformas devem incluir um investimento na paz, mas uma paz que não sirva apenas para a acumulação do grande capital em desfavor da maioria dos moçambicanos carenciados, porque isso pode resultar numa explosão social violenta.
Entretanto, o analista José Machicame entende que o Presidente Nyusi está a dar a indicação de que pretende apostar não só na busca da paz, como também no desenvolvimento da economia.
Para o analista, há uma relação nos pronunciamentos que o presidente tem feito, "e vê-se, claramente, que ele estabelece uma relação entre o campo económico e o campo político. Quando ele fala da necessidade da paz para se poder atacar os principais problemas com que o país se debate, é porque ele estabelece uma associação entre as duas premissas".