O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, na oposição, Ossufo Momade, retomaram nesta sexta-feira, 5, na província de Sofala o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros daquele partido que estava parado há um ano.
Eles foram às matas de Savane para acompanhar a entrega das armas de dezenas de guerrilheiros do maior partido da oposição.
O antigo negociador-chefe da Renamo do Acordo Geral de Paz em Moçambique, Raúl Domingos, saúda o início deste processo, mas diz esperar que não seja uma acção para dar sinal de que alguma coisa está a acontecer.
Domingos adverte, no entanto, que sem um calendário claro, com ações muito concretas, o processo poderá fracassar tal como aconteceu no passado, com a Operação das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ).
"É preciso que haja um calendário claro e que os termos da desmobilização também sejam claros, para evitar aquilo que aconteceu no passado porque a parte mais frágil da paz é, exactamente, esta questão da desmobilização, desmilitarização e reintegração", considera o líder do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD).
Para Raúl Domingos, trata-se de um grupo de pessoas vulneráveis, que sempre viveram com armas, e a sua desmobilização "não deve ser feita nos moldes do processo da ONUMOZ, em que cada guerrilheiro recebia um cheque para sobrevivência durante 18 meses, um balde com semente e uma catana, e dizia-se vai para casa, e no fim de 18 meses, a pessoa não tinha capacidade de sobrevivência".
Por seu turno, o sociólogo Moisés Mabunda, considera o início da desmobilização, desmilitarização e reintegração dos militares da Renamo um desenvolvimento político-militar bastante importante, mas não sabe como é que vai reagir a ala dissidente de Mariano Nhongo.
Contudo, para António Sitoi, líder da igreja zione em Moçambique, desta vez, “as coisas vão andar”.