Analistas divergem quanto à posição do Governo de que deve ser Moçambique a escolher o tipo de apoio oferecido por parceiros para fazer face à violência armada em Cabo Delgado.
O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que Moçambique nunca recusou apoios, mas deve escolher, quais os mais indicados, entre os oferecidos pelos amigos e países vizinhos, para combater o terrorismo.
"Impõe-se a correcta escolha pelos moçambicanos, do tipo de apoios, perante a ameaça", afirmou o estadista moçambicano.
Para o analista Francisco Matsinhe, "esta posição é problemática, tendo em conta que Moçambique é que está a braços com a insurgência no norte do país. Penso que isso já não seria apoio, talvez uma imposição".
O mesmo ponto de vista é defendido pelo jurista Anastácio Mucavele, para quem Moçambique não está em condições de enfrentar sozinho a situação em Cabo Delgado, pelo que não faz muito sentido que seja o país a escolher o tipo de apoio a ser enviado".
Ameaça militar
Contudo, para o investigador Borges Nhamirre, faz todo o sentido que seja o país a fazê-lo, porque se trata de um mecanismo multilateral da SADC, pelo que é compreensível que Moçambique tenha objecção a determinados países que possam enviar forças, em função da percepção de que a presença dessas tropas represente algum tipo de ameaça à segurança do Estado.
"Neste caso, nós estariamos a falar de uma ameaça de natureza militar, que, normalmente, seria uma agressão externa, uma ameaça à integridade territorial, mas acima de tudo, seria uma ameaça do tipo coação, que pode ser política, económica e diplomática, e que muitas vezes funciona de forma subtil, porque permite que um determinado país influencie as políticas de um outro país", realçou Nhamirre.