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Novos líderes africanos desafiados a profundas mudanças


José Eduardo dos Santos e Jacob Zuma
José Eduardo dos Santos e Jacob Zuma

Uma leitura à sucessão de José Eduardo dos Santos, Robert Mugabe e Jacob Zuma

Três presidentes da África Austral foram recentemente substituídos devido a problemas de saúde, corrupção, incompetência ou todos eles.

José Eduardo dos Santos, de Angola, estaria doente, Robert Mugabe, do Zimbabwe, preparava-se para entregar o poder à mulher e Jacob Zuma, da África do Sul, estava cercado de alegações de corrupção.

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Todos foram substituídos, todos de maneiras diferentes e todos por diferentes razões.

O elo comum: todos foram tratados como um assunto interno do partido no poder.

"Nos três casos, o Presidente em exercício ultrapassou a data de validade, excedeu o período de valor e funcionalidade e tornou-se uma responsabilidade para o partido no poder. E assim, os partidos dominantes resolveram fazer justiça pelas próprias e afastaram os chefes de estado do poder", afirma Stephen Morrison, especialista em assuntos africanos e vice-presidente sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington..

José Eduardo dos Santos, que governou Angola durante 38 anos, deixou o cargo em Setembro, não se tendo recandidatado.

Mugabe foi obrigado a demitir-se após uma revolta militar ao cabo de 30 anos na presidência do Zimbábue.

Zuma governou a África do Sul por nove anos e foi deposto em Fevereiro.

Corrupção e favoritismo

Jardo Muekalia, ex-representante da UNITA nos Estados Unidos é professor de relações internacionais em Washington.

"Todos eles promoveram ou pelo menos incentivaram a corrupção nos seus governos. Todos pareciam prosperar em ambientes caóticos. E de uma forma ou outra, todos pareciam promover o nepotismo e favoritismo. Quando se juntam todas essas coisas, elas geram problemas em termos de direitos dos cidadãos, mas também problemas de desenvolvimento económico", acrescenta Muekalia.

Aquele professor diz esperar que os novos presidentes promovam o renascimento da África Austral, com governos mais responsáveis e comprometidos com a boa governação.

Muekalia acrescenta que, embora os três presidentes tenham sido afastados pelos seus próprios partidos, estes respondiam a pressões mais vastas.

Afastados pelos próprios partidos

"Da forma como o sistema foi estabelecido na África do Sul, as mudanças só podiam acontecer no interior do partido no poder. Mas não se pode ignorar o impacto da sociedade sobre as ações de certos membros do partido no poder. A mesma coisa em Angola. Sim, aconteceu dentro do partido no poder, mas houve certamente a influência da imagem completamente desacreditada do antigo presidente. Eles interpretaram o sentimento da sociedade. Logo, as mudanças não acontecem no vácuo. Elas estão ligadas à mudança de sentimento nos países", acrescenta Muekalia.

Morrison diz que as saídas dos três líderes não significam necessariamente democracias mais fortes na região.

Os novos presidentes precisam de dar provas.

Explica Morrison:

"Eles devem ser julgados na reinstituição de eleições democráticas e competitivas. Eles devem ser julgados de acordo com a restauração do estado de direito e do respeito aos direitos humanos, e o estado de direito para proteger os indivíduos. Eles devem ser julgados em termos das práticas orçamentárias de investimento do Estado. Eles realmente começam a investir em serviços e infraestrutura que trazem benefícios mais amplos para a população?"

Por enquanto, em Angola, África do Sul e Zimbabwe vivem-se tempos de expectativa com as promessas de reformas e melhoria das práticas de governação.

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