Um grupo armado protagonizou uma série de ataques em quatro aldeias do distrito costeiro de Quissanga provocando a morte de mais de 15 pessoas e destruição, por fogo posto, de palhotas e viaturas, relataram à VOA nesta sexta-feira, 24, várias fontes locais.
Na quinta-feira, 23, um grupo armado ligado aos insurgentes locais, conhecidos por Al-shaabab, atacou a aldeia Lindi, e queimou várias palhotas e viaturas de particulares na aldeia remota de Quissanga.
Horas antes, na mesma aldeia, o grupo tinha emboscado uma viatura de transporte de passageiros de caixa aberta e os disparos provocaram a morte de duas pessoas no local e outras duas escaparam com ferimentos.
“Estamos mal aqui, ontem atacaram Lindi e mataram pessoas lá”, disse à VOA, Jamal Omar, um morador da aldeia
Na segunda-feira, 20, o grupo filiado ao Estado Islâmico atacou e matou a tiros sete pessoas na aldeia Tapara, uma zona não distante da área onde as tropas de Moçambique e Ruanda anunciaram grandes avanços em meados deste mês.
Já no sábado, 18, outras cinco pessoas foram mortas na lagoa de Bilibiza, quando se encontravam a pescar. As pescas no mar foram proibidas pelas forças estatais, supostamente para controlar o movimento dos insurgentes que estão sendo expulsos das matas densas do sul de Mocímboa da Praia e norte de Macomia.
Na semana passada, na noite de quinta e sexta-feira uma investida do grupo fez igualmente cinco mortos na aldeia de Namaluco, provocando a fuga de várias pessoas que tinham regressado a aldeia, após o anuncio das autoridades moçambicanas para o regresso seguro da população.
“Esta semana estamos mal, em Bilibiza mataram pessoas e passaram até Lindi ontem, queimaram e mataram pessoas, atacaram um carro (transporte de passageiros) perto de Metuge”, o distrito que acolhe o maior numero de deslocados da insurgência em Cabo Delgado, frisou, Jamal Omar.
A VOA contactou sem sucesso a Polícia em Cabo Delgado e o Ministério de Defesa Nacional (MDN) não respondeu de imediato ao nosso pedido de comentários.
O distrito de Quissanga foi capturado e sitiado por grupos de insurgentes em Abril de 2019, e foi recapturado pelas forças estatais e o comandante geral da Policia o regresso seguro da população com o apoio das forças do Ruanda e da SADC que actuam no terreno.
“Por causa deste ataque de ontem alguns carros de transportes de passageiros que seguiam para Macomia foram impedidos de seguir viagem”, supostamente porque as forças estão a “vasculhar” a região, disse à VOA Adali José, um outro morador local.
O conflito em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortos, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, na sigla inglesa, e mais de 820 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.