Os partidos que integram a coligação governamental na Guiné-Bissau acusaram o Supremo Tribunal da Justiça (STJ) de fantasias e caprichos que estiveram na origem da intervenção do novo poder.
Em duas frentes defendem a situação atual e rejeitam a acusação de golpe de Estado.
Victor Pereira, do Partido da Renovação Social (PRS) nesta quinta-feira, 5, em conferência de imprensa em Bissau, que os guineenses não podiam ficar indefenidamente “à espera dos caprichos e fantasias do Supremo Tribunal de Justiça”.
Para justificar a sua posição, o porta-voz do PRS revelou, por exemplo, que o presidente do órgão, Paulo Sanha, viajou para o exterior, mesmo tendo em mãos o recurso contencioso apresentado pelo PAIGC, dando entender que não o queriam apreciar “para já”.
Pereira refutou também a acusação do primeiro-ministro demitido, Aristides Gomes, de golpe de Estado e garantiu que os militares não intimidaram ninguém.
Quanto aos carros retirados por militares aos membros do Executivo, o porta-voz do PRS lembrou que quando ele deixou o Governo entregou o carro.
Sem golpe e com democracia
Aquele porta-voz reiterou que a Guiné-Bissau é uma democracia e que o autoproclamado Presidente, Úmaro Sissoco Embaló, tem agido dentro da lei, nomeadamente ao nomear Nuno Gomes Nabian para o cargo de primeiro-ministro porque o Executivo do PAIGC já não tinha maioria no Parlamento.
Entretanto, a tese de que não houve golpe de Estado foi igualmente defendida por três porta-vozes do partido do primeiro-ministro Nuno Gomes Nabian, o APU-PDGB, em Lisboa.
“Quem oiça as notícias vai julgar que há tiros disparados na Guiné” quando “o avanço dos militares é normal e aconteceu para garantir a segurança do país”, afirmou Mamady Sissé, citado pelo jornal português Expresso.
Questionado sobre o processo em curso do STJ, que tem em mãos um recurso do candidado considerado derrotado pela Comissão Nacional das Eleições, Domingos Simões Pereira, Sissé respondeu que “a justiça guineense não é justa e toda a gente sabe que recebe dinheiro”.
Para ele, a intervenção dos militares, defendida também por Sori Djaló, é justificada porque “a justiça corrupta é pior que a força das armas”.
Mamady Sissé, acompanhado de Sori Djaló e João Paulo Oliveira, destacou que os militares não precisaram “usar a força, foi simplesmente ocupar o espaço”, e lembrou que os membros do Governo deposto mantêm-se nas suas casas, enquando os militares encontram-se apenas “a garantir a ordem”.
Conselho de Segurança da ONU pede diálogo e missão da CEDEAO
A situação na Guiné-Bissau esteve hoje em discussão no Conselho de Segurança, que manifestaou a sua “profunda preocupação com a crise pós-eleitoral e institucional” e pediram às partes que “respeitassem as estruturas legais e constitucionais e o processo democrático para resolver a crise pós-eleitoral”.
Em comunicado, o órgão pediu que Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) envie uma missão a Bissau e reiterou que os militares devem ficar de for a do conflito politico.