Um novo ataque de um grupo armado contra um autocarro de passageiros feriu duas pessoas de forma ligeira, no início da manhã desta terça-feira, 3, na fronteira entre os distritos de Gorongosa e Nhamatanda, na província moçambicana de Sofala.
O ataque ocorre três dias depois do fim do prazo de uma trégua unilateral de sete dias declarada pelo Presidente da República, na qual as Forças de Defesa e Segurança (FDS) suspenderam qualquer perseguição a membros da autoproclamada Junta Militar da Renamo para permitir aproximação com o grupo dissidente da Renamo e colocam um fim a meses de emboscadas de viaturas em estradas do centro de Moçambique.
Testemunhas no local disseram à VOA que uma mulher ficou ferida por bala na perna e um jovem foi atingido por vários estilhaços de vidros na cabeça durante o ataque contra o autocarro da transportadora Maning Nice, que ocorreu cerca das 6:00 horas locais na localidade de Matenga, em Sofala.
“Saímos de Chimoio quando eram 5:00 horas e 40 quilómetros depois do Inchope fomos atacados. De repente, começamos a ouvir tiros contra o nosso carro e por sorte as pessoas sofreram de forma ligeira”, contou à VOA Felícia Joaquim, que viajava no autocarro.
O autocarro, prosseguiu Felícia Joaquim, foi atingido por balas nos dois lados, o que deu a entender que “os atiradores estavam nas duas margens da estrada”, deixando vários vidros de janelas com perfurações de balas ou partidos.
“Todos nós ficamos em pânico, foi difícil encarar a situação. Não tinha chegado o nosso dia (de morrer)”, devido à quantidade de perfurações de balas no autocarro e os danos na viatura, descreveu Ezequiel Tomás, outro passageiro.
O autocarro que partiu de Chimoio, a capital de Manica, centro, tinha como destino a cidade de Nampula, no norte de Moçambique.
A zona do ataque tem um historial de emboscadas a viaturas civis desde o reinício das incursões armadas atribuídas, pelas autoridades, à autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo de dissidentes do maior partido da oposição em Moçambique.
Em declarações à VOA, o líder dissidente, Mariano Nhongo, negou a autoria do ataque e assegurou desconhecer o novo incidente.
Já a Polícia de Sofala prometeu pronunciar-se sobre o ataque nas próximas horas.
O líder dissidente da Renamo, Mariano Nhongo, revelou no domingo, ter fracassado o novo esforço de negociações de paz com Maputo, após acusações de sucessivas violações da trégua de sete dias, decretada por Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e que terminou a 31 de outubro.
Em junho de 2019, após a eleição de Ossufo Momade um grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo incompatibilizou-se com o substituto de Afonso Dhlakama e opuseram-se ao acordo de desmilitarização, desarmamento e reintegração assinado entre o Governo e a Renamo.