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Nova ronda de ataques a Palma leva centenas a se refugiarem em Nangade


Cabo Delgado, deslocados de Palma abrigado no centro desportivo de Pemba
Cabo Delgado, deslocados de Palma abrigado no centro desportivo de Pemba

Enquanto deslocados clamam por ajuda humanitária, governador de Cabo Delgado garante que as Forças de Defesa e Segurança estão a responder e a evitar o pior

Novos ataques dispersos de militantes islamitas em Palma forçaram uma nova vaga de deslocados, com centenas de pessoas a deixarem os seus esconderijos e a caminharem a pé por dezenas de quilómetros para o distrito vizinho de Nangade, disseram à VOA nesta terça-feira, 29, testemunhas e autoridades.

O grupo de jihadistas moçambicanos, localmente conhecido por al-shaabab, confrontou-se com as forças governamentais num novo ataque no distrito de Palma, próximo das instalações do projecto bilionário de exploração de gás, relataram à VOA várias fontes.

Nova ronda de ataques a Palma leva centenas a se refugiarem em Nangade
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O ataque, que se seguiu esta semana com nova ronda dispersa por aldeias de Palma, forçou uma nova vaga de deslocados para Nangade, um distrito adjacente a Palma e igualmente com vários focos de ataques jihadistas.

“Desde domingo muitas pessoas começaram a chegar a Nangade” disse à VOA, Raissa Dade, uma moradora de Nangade, adiantando que vários aparentavam estar frágil e desidratados.

“Muitas pessoas andaram de Palma até aqui a pé e sem comer nada” rematou Raissa Dade, sugerindo que os novos deslocados estão a deixar os esconderijos onde tinham permanecido desde o ataque mais visível dos jihadistas a Palma, a 24 de Março.

Os novos deslocados estão a ser alojados nos armazéns agrários na sede do distrito de Nangade, local que acolhia outros deslocados, incluindo os de Mocímboa da Praia, segundo os moradores.

“Ontem (segunda-feira 28) apareceram em grande quantidade”, disse à VOA Ali Amade, outro morador de Nangade, adiantando que o campo de reassentamento, que acolhia entre 10 a 15 deslocados antigos, voltou a ficar repovoado.

“Só falta ajuda humanitária”, lamentou Ali Amade, quem criticou a fraca capacidade de assistência humanitária, por parte das autoridades e parceiros, aos deslocados que escolheram aquele distrito.

Entretanto, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, que confirmou novas rondas de ataques jihadistas, garantiu que as forças governamentais repeliram várias investidas do grupo ligado ao Estado Islâmico.

“O inimigo continua a criar espaços para querer desestabilizar, mas por outro lado devido a bravura das nossas forças de defesa e segurança este não encontra as facilidades”, disse Valige Tauabo, quem pediu vigilância a população para travar a infiltração dos militantes islamitas em zonas não atingidas pelo conflito.

A 24 de Março, os militantes ligados ao Estado Islâmico lançaram ataques coordenados a Palma, pilhando edifícios e assassinando residentes à medida que milhares fugiam e forçando a retirada da área da gigante petrolífera Total, que lidera o projecto de gás de Afungi.

O ataque de Março marcou uma intensificação da violência de três anos que expulsou cerca de 800 mil pessoas das suas casas, segundo as Nações Unidas, e matou mais de 2.900 pessoas, de acordo com o colector de dados de conflitos ACLED.

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