"Inter-Cabindesa" é a denominação de mais uma plataforma de diálogo entre as várias sensibilidades de Cabinda e o Governo de Angola sugerida, desta feita pelo general na reforma pelo MPLA, José Sumbo.
Em carta aberta com título “ A verdade que nunca foi dita sobre o caso Cabinda” , o general não faz qualquer referência ao Memorando de Entendimento para a Paz em Cabinda, assinado em 2006 entre o Governo e o Fórum Cabindês para o Diálogo liderado pelo também general António Bento Bembe.
“Vamos todos caminhar unidos na diversidade , rumo à solução pacífica, inclusiva, justa, credível, definitiva e duradoura, através de diálogo responsável entre dignos representantes do povo de Cabinda e o MPLA /Governo. Urge que todos nós, cada um como pode, aderir ao movimento em curso de preparação para a realização de Inter-Cabindesa, condição necessária e indispensável para o efeito”, apelou.
O antigo guerrilheiro do MPLA, natural de Cabinda, diz ter apresentado, em 2021, o seu plano de diálogo ao Presidente da República, João Lourenço.
Quanto ao nível de adesão ao seu projecto de diálogo, entre os cidadãos de Cabinda, o general angolano assegurou à Voz da América que “ não conheço uma só pessoa que deseja caminhar à margem da “Inter-Cabindesa” em preparação , porém, não digo o mesmo relativamente à maneira como chegar lá”.
Para o general Bento Bembe, a proposta de diálogo de José Sumbo configura “uma criação do MPLA” visando fugir das suas responsabilidades em relação ao Memorando de Entendimento para a Paz em Cabinda.
“Eu considero isso a crise de identidade entre nós os cabindas porque, sinceramente, eu muitas vezes dou culpas ao MPLA mas os grandes culpados somos nós próprios que muitas vezes não sabemos o que queremos”, disse Bembe para quem o general Sumbo é “pessoa não séria que não vai em parte nenhuma”
Carlos Vemba, presidente do Movimento Independentista de Cabinda (MIC), também se afirma “céptico” quanto às propostas do general José Sumbo que considera “mais um engodo que Luanda está a preparar”.
“O José Sumbo está a insistir numa pretensão que é vã por falta de agenda e de objectivos”, enfatizou.
Por sua vez, o líder dos Democratas Liberais de Cabinda (DLC), Jorge Lima entende que todas as propostas de diálogo para a pacificação de Cabinda “são bem-vindas desde que não desviem as verdadeiras aspirações do povo de Cabinda”.
De recordar que o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, fez saber, em fevereiro último, que iria levar ao Parlamento uma proposta de autonomia para Cabinda considerando ser “uma solução que muitos países de África, Europa, Ásia e América Latina abraçam para resolver determinadas reivindicações regionais”.
Costa Júnior disse ser apologista de uma autonomia que resulte de uma negociação, verdadeira, sincera e transparente, para definir o tipo de autonomia e “não uma negociação imposta, porque isso não é diálogo”.
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