Vários camiões, alguns carregados de bens alimentares para diferentes pontos de Angola, estão retidos na província de Benguela por falta de gasóleo, o derivado do petróleo mais procurado nos últimos dias.
Desesperados, os camionistas criticam as políticas das autoridades, tal como a Associação Industrial Angolana (AIA), e falam em corrupção nos poucos locais de abastecimento.
Entre longas filas de cidadãos que vão à procura do gasóleo, tentando contrapor os efeitos da segunda crise em menos de dois meses, a VOA encontrou camionistas que se veem forçados a perder as horas de viagem.
A caminho de Luanda e da Lunda Norte com bens alimentares perecíveis, Manuel e Pedro, provenientes do Namibe, dizem que o quadro é bastante desolador.
“Venho do Dombe (Benguela), depois de ter saído da Lucira (Namibe), e vejo que não há gasóleo. Nem no Lobito, nem em Porto Amboim, as coisas estão péssimas, não se consegue trabalhar. Há alimentos que podem estragar, como o peixe – a granel – e o tomate. Nas poucas bombas, notamos que as pessoas dão a ‘gasosa’, assim não se faz nada’’, desabafam aqueles homens do volante.
Situações como estas levam o presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, a aconselhar a Sonangol.
“Tal como deve haver reservas para alimentos, também para combustíveis, visando evitar situações como estas. Vamos aconselhar a Sonangol a criar reservatórios, isto para que ninguém veja o seu ‘peixe a arder’. É o que deve ser feito’’, adverte Severino.
Em tempo de escassez, há quem procure informações sobre o projecto para a refinaria, que absorveu já largos milhões de dólares em infra-estruturas de apoio, como são o terminal marítimo, uma estrada e a terraplanagem do local.
O governador de Benguela, Isaac dos Anjos, em declarações à Rádio Diocesana, acredita na retomada dos trabalhos no dia seguinte ao actual contexto financeiro
“Vamos ter a refinaria, mas após a situação do momento. Quando acontecem mexidas no preço do petróleo, é assim em todos os países, os projectos são suspensos, adiam-se, mas não se anulam’’, realça Anjos.
A refinaria de Luanda dá resposta a somente 20 por das necessidades do mercado, ficando os demais 80 por cento a depender das importações de refinados.
Há muito que a Sociedade Nacional de Combustíveis vem justificando o problema com dificuldades no processo de envio a Angola.