O hospital do Cazombo, sede municipal do Alto Zambeze, na província do Moxico, leste de Angola, dispõe de apenas um médico de clínica geral para atender cerca de 200.000 habitantes.
A constatação é dos activistas sociais do Moxico que relatam o estado “crítico” de assistência sanitária na região o que obriga a população a recorrer aos serviços médicos dos países vizinhos . O estado degradante das estradas que ligam o município à capital provincial, Luena, é outra realidade por eles relatada, à VOA.
Segundo o Governo provincial, o quadro epidemiológico no Moxico é dominado por doenças como a malária, diarreicas agudas, sarampo, tétano, VIH, tensão arterial, tuberculose, diabetes e traumas por acidentes.
O activista, Helder Mwana Afrika, que dirige um projecto local que visa a melhoria dos serviços de saúde esteve recentemente no Alto Zambeze, a mais de 500 quilómetros da cidade do Luena, e descreveu o quadro sanitário nos seguintes termos:
“O bloco operatório e a morgue não funcionam há mais de dez anos e as pessoas socorrem-se à Zâmbia. Entre os anos de 2021 e 2022 morreram três senhoras grávidas por falta de assistência. São situações que comovem”, disse.
António Lucas Kaiombo é outro activista social local para quem o estado decadente da assistência sanitária do município do Alto Zambeze “não é de hoje e o recurso à Zâmbia e à República Democrática do Congo tem sido a solução a população.”.
“O percurso de carro entre a fronteira e a sede do município do Cazombo pode levar um dia inteiro por falta de estradas em condições mas a população prefere-se tratar na Zâmbia ou no Congo “, declarou.
O governador Moxico, Ernesto Muangala, assegurou recentemente que , até 2027, a província vai contar com mais sete hospitais municipais, com todas as valências, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção aos Municípios (PIIM).
De acordo com o diretor do Gabinete Provincial da Saúde, Tiago Mário, o sector controla 157 unidades sanitárias públicas, 101 postos de saúde, 46 centros médicos, oito hospitais municipais, dois províncias e dois gerais.
"Temos neste momento um total de 2.422 profissionais, que asseguram o funcionamento do Sector da Saúde no Moxico, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, terapeutas e funcionários administrativos”.
Acrescentou que, nos últimos concursos públicos, a província do Moxico ganhou 82 médicos, 786 enfermeiros, 201 técnicos de diagnóstico e 106 administrativos, havendo a necessidade de 10.260 quadros, com destaque para 4.202 médicos, 2.633 enfermeiros, 1.683 técnicos de diagnóstico e terapeutas e 1.432 administrativos.
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