Um ativista local ligado ao regime militar diz que a única forma de evitar o conflito no país entre os soldados amotinados que depuseram o presidente e as nações da região que ameaçam uma invasão para reinstalá-lo é reconhecer o novo regime como os que estão no poder.
Insa Garba Saidou, um ativista local que apoia os novos governantes militares do Níger, nas suas comunicações, disse que não haverá diálogo com os países da região até que eles reconheçam o novo chefe de Estado.
O bloco regional da África Ocidental, CEDEAO, ameaçou usar força militar se o presidente Mohamed Bazoum, que assumiu o cargo há dois anos, não for libertado e reintegrado.
No entanto, a junta rejeitou os seus avisos.
“Só há uma opção, aceitar o regime ou a guerra”, disse Saidou. “Não há mais nada para Bazoum, deve esquecê-lo. Está acabado, é perda de tempo tentar restaurá-lo. Não é possível”, disse.
Na quinta-feira, a CEDEAO disse que havia direcionado o envio de uma “força de prontidão” para restaurar a democracia no Níger após o prazo de restabelecer Bazoum ter expirado.
Tentativas frustradas
Não está claro quando ou onde a força será destacada, mas analistas dizem que pode incluir até 5.000 soldados de países como Nigéria, Benin, Costa do Marfim e Senegal.
Embora o bloco diga que quer que a mediação prevaleça, várias tentativas da CEDEAO, assim como outras, em pouco resultaram.
Na semana passada, uma proposta de visita da CEDEAO, das Nações Unidas e da União Africana foi rejeitada com base em "razões evidentes de segurança nesta atmosfera de ameaça" contra o Níger. Um dia antes, uma destacada diplomata americana encontrou-se com alguns membros da Junta, mas não conseguiu falar com Tchiani nem ver Bazoum.
Muitas nações ocidentais viam o Níger como um dos últimos países democráticos na região do Sahel, uma vasta extensão ao sul do deserto do Saara, ideal para fazer parceria para combater a crescente ameaça jihadista.
Centenas de milhões de dólares foram investidos no fornecimento de equipamentos e treinamento para as forças armadas do Níger por forças especializadas francesas e norte-americanas, que agora podem ser usadas pela junta para aumentar o seu controlo sobre o poder.
Bazoum confinado
O regime militar já está se consolidando, nomeando um novo governo e alimentando o sentimento anti-francês, ex-governante colonial, para reforçar o seu apoio.
Desde o golpe de 26 de Julho, Bazoum está confinado com sua esposa e filho no porão de seu complexo presidencial, que está cercado por guardas e agora sem abastecimento de comida, eletricidade, água e gás de cozinha.
O embaixador do Níger nos Estados Unidos, Mamadou Kiari Liman-Tinguiri, disse à AP que a junta está a tentar matar Bazoum de fome.
Na sexta-feira, o chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Volker Türk, disse estar extremamente preocupado com a condição de rápida deterioração de Bazoum, chamando o tratamento da família de “desumano e degradante” e uma violação da lei internacional de direitos humanos.
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