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Nigéria: quase 100 mortos na explosão de um camião-cisterna


Uma vista mostra parte da refinaria de petróleo Dangote no distrito de Ibeju Lekki. Fotografia de arquivo.
Uma vista mostra parte da refinaria de petróleo Dangote no distrito de Ibeju Lekki. Fotografia de arquivo.

O combustível tornou-se um bem ainda mais precioso para os nigerianos devido à crise económica do país, a pior das últimas três décadas.

A explosão de um camião-cisterna no norte da Nigéria fez pelo menos 94 mortos e cerca de 50 feridos, anunciou nesta quarta-feira, 16, a polícia, o mais recente acidente com este tipo de veículo em plena subida dos preços dos combustíveis.

Muitas das vítimas estavam a tentar recuperar o combustível derramado na estrada depois de um camião-cisterna se ter despistado na terça-feira à noite no Estado de Jigawa, disse à AFP o porta-voz da polícia Lawan Shiisu Adam.

“Até ao momento, confirmámos a morte de 94 pessoas e cerca de 50 feridos”, disse Adam.

De acordo com o porta-voz, o camião-cisterna desviou-se para evitar colidir com um camião em Majia.

Após o acidente, os habitantes da região juntaram-se à volta do veículo para recolher o combustível derramado na estrada e nas bermas. A polícia, que tentou dissuadi-los, foi empurrada para trás pela multidão, disse Lawan Shiisu Adam.

A Associação Médica Nigeriana apelou aos médicos para que acorram às unidades de saúde para fazer face ao afluxo de doentes.

Em setembro, uma explosão causada por um camião-cisterna que colidiu com um camião que transportava passageiros e gado matou pelo menos 59 pessoas no estado do Níger, na Nigéria, segundo as autoridades, onde os acidentes em estradas mal conservadas são frequentes.

Os acidentes envolvendo camiões-cisterna, em particular, são também frequentes no país mais populoso de África: a Comissão Federal de Segurança Rodoviária (FRSC) registou 1.531 acidentes deste tipo em 2020, que resultaram na morte de 535 pessoas.

Para além da perda de vidas e bens, este tipo de acidentes provoca danos ambientais devido a fugas de gasolina.

As explosões mortais são também uma ocorrência regular perto de infra-estruturas petrolíferas no sul do país, nomeadamente em resultado de sifonagem ilegal.

Crise económica

O combustível tornou-se um bem ainda mais precioso para os nigerianos devido à crise económica do país, a pior das últimas três décadas.

O preço da gasolina quintuplicou desde que o Presidente Bola Ahmed Tinubu acabou com os subsídios aos combustíveis no ano passado. Na semana passada, o preço da gasolina voltou a subir, um mês depois de já ter registado um aumento acentuado.

Em Lagos, a capital económica do país, as estações de serviço pertencentes à NNPC - a companhia petrolífera nacional - mostravam um litro de PMS (premium motor spirit, gasolina) a 998 nairas (0,62 dólares), em comparação com 855 nairas no dia anterior, um aumento de 17%.

No início de setembro, a NNPC já tinha aumentado os preços em 45%, passando o litro de gasolina de cerca de 610 nairas para 855 nairas.

Antes do fim dos subsídios aos combustíveis, que custam ao governo milhares de milhões de dólares por ano, a gasolina era vendida por menos de 200 nairas o litro.

No dia 1 de outubro, feriado na Nigéria, as organizações políticas e da sociedade civil convocaram manifestações para exigir o “fim da fome e da miséria” e a redução do preço da gasolina. As manifestações acabaram por ser muito pouco participadas.

No mesmo dia, o Presidente Tinubu apelou “uma vez mais” aos nigerianos para que “tenham paciência”, até que as reformas económicas empreendidas pelo governo tenham um impacto positivo.

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