A agência de serviços hidrológicos da Nigéria alertou para a possibilidade de inundações em 11 estados, depois de o vizinho Camarões ter afirmado que estava a começar a libertar água de uma das suas maiores barragens, na sequência das fortes chuvas que caíram recentemente na África Ocidental e Central.
O aviso surge numa altura em que a Nigéria já está a braços com graves inundações no estado de Borno, no nordeste do país, onde uma barragem rebentou as suas paredes após fortes chuvas que também causaram inundações nos Camarões, Chade, Mali e Níger - todos parte da região africana do Sahel, que normalmente recebe pouca chuva.
A Agência de Serviços Hidrológicos da Nigéria (NIHSA) disse ter sido notificada pelas autoridades dos Camarões, na terça-feira, 17, de que tinham iniciado a libertação controlada de água da barragem de Lagdo.
Os Camarões têm várias barragens no rio Benue, que corre a jusante para a Nigéria.
Um porta-voz da empresa camaronesa ENEO, que gere a barragem, disse à Reuters que havia a possibilidade de a barragem ser inundada, mas os reservatórios não tinham sido abertos na manhã de quarta-feira.
O NIHSA disse que os gestores da barragem de Lagdo iriam libertar gradualmente a água de forma a não exceder a capacidade do rio Benue a jusante para evitar inundações.
Mas 11 Estados, incluindo Benue, Nasarawa e Kogi, na região da cintura central produtora de alimentos, e os estados produtores de petróleo do sul, Bayelsa, Delta e Rivers, estavam em risco, disse o NIHSA.
A Comissão Europeia exortou as autoridades federais e estaduais da Nigéria a “reforçar a vigilância e a aplicar medidas de preparação adequadas para reduzir os possíveis impactos das inundações que possam ocorrer em resultado do aumento dos níveis de caudal dos nossos principais rios neste período”.
Em 2022, a Nigéria perdeu mais de 600 pessoas e terras agrícolas nas piores inundações da última década, na sequência de fortes chuvas e depois de os Camarões terem libertado água da barragem de Lagdo.
Na altura, os peritos afirmaram que o facto de a Nigéria não ter concluído a sua própria barragem, que deveria servir de apoio à barragem dos Camarões, agravou a catástrofe.
A Nigéria, a nação mais populosa de África, é propensa a inundações, mas os críticos dizem que as infra-estruturas deficientes e o mau planeamento agravam a situação.
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