O especialista moçambicano de relações internacionais, Calton Cadeado, considera “uma mancha” a não atribuição do prémio Mo Ibrahim, pela segunda vez consecutiva.
“Dizer-se que não há líderes que merecem ser prestigiados pela qualidade da sua governação não é uma boa imagem. África não sai bem na fotografia”, diz Cadeado em entrevista à VOA.
Tal, sublinha Cadeado, dá uma mensagem “que traduz a ideia de que estamos a entrar de que há uma crise de liderança no continente africano”.
O prémio Mo Ibrahim foi instituído há dez anos pelo empresário sudanês das telecomunicações, Mo Ibrahim para distinguir ex-chefes de estado africanos eleitos democraticamente, exemplares e promotores do desenvolvimento.
Em nove anos foram distinguidos Joaquim Chissano, de Moçambique, em 2009, seguido de Festus Mogae, do Botsuana, em 2008, Pedro Pires, de Cabo Verde, em 2011 e Hifikepunye Pohamba, da Namíbia, em 2014. Nelson Mandela teve o prémio de honra.
Nos últimos dois anos, não houve vencedor.
Cadeado diz que tratndo-se de um prémio africano para africanos não há razão para se pensar que há imposição de critérios ocidentais.
“O prémio deveria merecer das nossas lideranças consideração para melhorar a governação.”, diz o docente e pesquisador do Instituto de Relações Internacionais.
Ele argumenta que “podemos buscar todo o outro tipo de justificações, mas serão inglórias, porque usando os mesmos critérios já foram premiados outros quatro líderes africanos”.
Acompanhe a entrevista: