Um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP) revela que a implantação da companhia chinesa Haiyu Mining, que explora areias pesadas, há mais de dez anos, em Angoche, na província de Nampula, provoca sérios problemas ambientais que conduzem as comunidades à pobreza.
O CIP aponta a destruição da vegetação nativa, existência de buracos abandonados e alteração da qualidade da água e do solo como problemas que directamente afetam as comunidades que hospedam o projeto.
Retrato real
Edson Cortez, diretor executivo do CIP, diz que “as pessoas mais afetadas concordaram com o estudo”, porque retrata uma realidade que as autoridades desconhecem, sinal de “um problema grave na indústria extrativa no país, que é a falta de fiscalização”.
Lopes Cocotela, líder de uma das comunidades onde é explorado o recurso em Angoche, afirma que desde a instalação do projeto as vias de acesso “ainda são degradadas e quando chove enchem-se de água e lama, e em tempo seco vivemos na poeira”
A apresentação do estudo, que também faz menção ao incumprimento de algumas responsabilidades sociais da empresa, como a construção de infraestruturas sociais básicas de saúde, educação e desporto, e o fraco compromisso do Estado na fiscalização das acções de restauração ambiental.
Presente na apresentação do estudo, o representante do Governo local, Salomão Francisco, disse não serem reais as informações do mesmo e justificou que as autoridades têm dado resposta às preocupações das comunidades.
Melhorias
Mas, Juyi Li, representante da mineradora, diz que, apesar de falhas, há melhorias nas intervenções a favor das comunidades.
“Nós a Haiyu Mining, antes de 2017, não fizemos muito bem, mas a partir de 2018 somos uma nova página, e acho que alguns membros da sociedade civil reconhecem isso quando chegam nas comunidades em Angoche,” disse Li.
Importa referir que de acordo com a pesquisa, na componente de responsabilidade social, as mudanças efetuadas pela empresa começaram a fazer-se sentir em 2015, com a disponibilização de uma ambulância para o Hospital Rural de Angoche, e em 2021 a empresa construiu cerca de 32 furos de água para abastecer população e fez o alargamento da rede eléctrica em Murrua, Namau e Sangage.
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