A prisão de Raúl Novinte, edil de Nacala-Porto, tem motivações políticas, dizem analistas entrevistados pela VOA.
Novinte e o seu assessor de comunicação Arlindo Chissale, estão, desde quarta-feira, 13, em prisão preventiva domiciliária, por ordem do juiz de instrução criminal do tribunal distrital de Nacala-Porto.
Ambos são acusados de “incitamento à desobediência coletiva em concurso com a instigação pública ao crime”, e as suas atividades profissionais foram suspensas.
Trata-se de um processo relacionado com a eleições autárquicas, que foram marcadas por irregularidades atribuídas às autoridades que gerem o processo.
O tribunal cita o edil Novinte dizendo que “ninguém vai defender a cidade de Nacala senão vocês nacalenses. Quelimane defendeu a cidade de Quelimane. Nacala, os nacalenses terão de defender a cidade de Nacala.”
O assessor Chissale é citando como tendo afirmado que “os membros da perdiz (partido Renamo) não vão participar da repetição da votação, mas vão atrapalhar”.
Intimidação política
O analista político Wilker Dias diz que a decisão do tribunal surpreende a muitos, uma vez que já houve vários casos que poderiam ser classificados como incitação à violência, mas não tiveram qualquer acusação formal.
Dias admite que “a prisão domiciliária do edil pode trazer algumas consequências no funcionamento do município, porque ele está numa fase de terminar o seu mandato e há algumas reuniões e ou agenda que como edil deve cumprir.”
A prisão, diz Wilker, tem em vista a intimidação política.
Outro analista, Marchal Manufredo, entende também que a prisão tem um cunho político.
Ele diz que o processo eleitoral deste ano foi criticado pela população e não apenas pela Renamo. “Essa prisão pode nos levar a arrastar ainda mais o conflito pós eleições,” acrescenta.
O partido Renamo na província de Nampula, ainda não se pronunciou sobre o assunto.
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